Memórias de um emigrante
A minha tia disse-me um dia que a diferença entre os ingleses e os portugueses era que os primeiros iam e ficavam, e os segundos iam mas pensavam sempre no dia do regresso. Eu ainda me sinto muito preso a casa, ou pelo menos insisto em alguns hábitos para me sentir perto. Felizmente, ou talvez não, hoje podemos trazer conosco muito daquilo com que vivemos no sítio onde estávamos.
Continuo a ler o único jornal que creio valer a pena ler. É o Público. É português. E vem em versão PDF, a condizer com o nosso tempo. Não tenho paciência para o excesso de opinião dos jornais ingleses, nem dessa mania que já chegou a Espanha, da "orientação editorial", como se o dever de um jornalista não fosse o de tentar ser isento (ainda que por vezes não o consiga).
Mantenho-me ouvinte fiel do "Pessoal e Transmissível" e da "Semana Passada", embora tenha deixado, bem antes de partir, de ouvir a TSF, que passou a ser a RFM das notícias, uma verdadeira amálgama que nem mesmo os seus donos devem saber bem o que é. Ouço também o "Expresso da Meia Noite", da SIC Notícias, em formato áudio. Faz sempre bem ouvir a voz do poder, de vez em quando.
Um dos momentos gloriosos da semana foi saber que podia ver, como é possível constatar pela fotografia, o documentário "Portugal, um retrato social". Tenho gostado muito, mesmo muito de ver. Depois da estupidez do concurso Salazar vs Cunhal, sabe bem ainda haver espaço para fazer televisão a sério, com causas e com qualidade.
O dia-a-dia, esse é estrangeiro por completo. O trabalho é profundamente inglês, o convívio pode ser brasileiro, chinês, malaio, alemão, ou o que mais vier no caminho.
É um novo mundo, uma vida muito, muito diferente.
Mas foi a que eu escolhi.
andré
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