terça-feira, julho 31, 2007

Tributo




É assim que me lembro do Blow up.
A imagem pouco nítida a que ficamos reduzidos
no final. Nada é o que parece, mesmo (ou talvez
sobretudo) através das lentes de um bom fotógrafo.
E a beleza dos planos. E o charme da Vanessa Redgrave.
Não é dos meus filmes preferidos. Mas não me
consigo esquecer dele.

Foi o primeiro dos dois filmes que vi do Antonioni.
O Para além das nuvens não me entusiasmou tanto.
Mas a procura da beleza em tudo o que se mostra…
…essa estava lá também.

Se tudo correr bem, na próxima semana vou
preencher uma grande lacuna. Vou ver o Sétimo
Selo
, que será o meu primeiro Ingmar Bergman.

Entretanto, espero que não morra mais ninguém.


andré

segunda-feira, julho 30, 2007

domingo, julho 29, 2007

O meu Domingo



"San Gerolamo nello studio"
Antonello da Messina (1430-1479)


National Gallery, Londres


evva

sábado, julho 28, 2007

Obituário


Estou de luto*. O meu picador de gelo morreu ontem. Exaustão. Horas e horas a contribuir para a felicidade da cultura ocidental em intermináveis brindes. "À nossa", "ao Alberto João", "aos alemães que nunca mais chegam e se perderam no metro", "ao arroz de marisco", "e os gémeos polacos?", "aos jornalistas belgas", "à Clara, que atura festas de adultos sem se queixar", "aos alemães que finalmente chegaram (por acaso a rapariga é Croata)", "à Zita Seabra", "aos controleiros", "à União Ibérica", "Independência ou morte!", "ao Camané", "à bola de bacalhau", "aos galegos", "pim-pam-pum, cada bola mata um, lá em cima no Huambo...", "aos filófosofos libaneses", "ao bolo de mousse de chocolate", "às caipirinhas do Wouter", "aos Buraka Som Sistema", "e o gelado de lima?", "aos melhores amigos do mundo!". R.I.P..

evva

*Felizmente, a partir de terça-feira já posso adquirir o herdeiro. Temos de marcar a próxima festa para celebrar.

quinta-feira, julho 26, 2007

Banda sonora de um Verão inesquecível II



Pensar em você
(Chico César)

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá prá ver
Não dá prá esconder
Nem quero pensar
Se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu e eu vou só
Pensar em você

Se a chuva cai
E o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
E em paz com o mundo
E comigo

[Se a anterior 'Banda sonora de um Verão inesquecível' homenageava as viagens empoeiradas a caminho da Samouqueira, tão empoeiradas que ninguém conseguia adivinhar a cor do bólide, este tema de Chico César animou intermináveis discussões filosóficas sobre as potencialidades de janelas descidas e cabelos ao vento relativamente ao ar condicionado, por entre lagoas e vulcões adormecidos, sempre com a recomendação avisada de 'se uma vaca aterrar em cima do carro, arranquem-lhe o selo da orelha, ou não me pagam os estragos!', o que nos obrigou a conduzir constantemente de nariz no ar, com receio de ameaças bovinas caídas do céu. Manias...]


evva

Bang Bang...

A preparar visita ao novo Tarantino ao som do anterior:



I was five and he was six
We rode on horses made of sticks
He wore black and I wore white
He would always win the fight

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down.

Seasons came and changed the time
When I grew up, I called him mine
He would always laugh and say
"Remember when we used to play?"

Bang bang, I shot you down
Bang bang, you hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, I used to shoot you down.

Music played, and people sang
Just for me, the church bells rang.

Now he's gone, I don't know why
And till this day, sometimes I cry
He didn't even say goodbye
He didn't take the time to lie.

Bang bang, he shot me down
Bang bang, I hit the ground
Bang bang, that awful sound
Bang bang, my baby shot me down...


evva

P.S.: I always shoot people down, I know. Não consigo evitar, está-me no sangue taurino.

quarta-feira, julho 25, 2007

Banda sonora de todas as estações



evva

O admirável "Plano Tecnológico da Educação"

«Jornalista: Sabes o que é que estás aqui a fazer?
'Aluno': Chamaram-me para uma publicidade - uma agência - e estou aqui, agora.

No mínimo, brilhante. Assisti, num misto de estarrecimento pré-comatoso e incredulidade delirante (a caminho da baba), à reportagem do lançamento do Plano Tecnológico da Educação (juro que é ipsis verbis). Um momento de ouro da SIC-Notícias. Graças à inspirada verve da repórter e à rara circunstância de observarmos José Sócrates sem rede e em postura coloquial, assisti, pela primeira vez na televisão, à queda de um mito. Entregue a si mesmo e ao seu sorriso de laca, o nosso Primeiro caiu do pedestal de enfatuamento saloio a que se habituou a dirigir-se aos «portugueses e às portuguesas». E caiu estrondosamente. Um estrondo mudo proveniente de uma performance penosa, quase aviltante. Foi patética a forma como José Sócrates reagiu atrapalhadamente às perguntas do jornalista, revelando uma plastificante falta de à-vontade e um sub-reptício enfado por certo tipo de perguntas lhe estarem a ser dirigidas - ao invés das perguntinhas da praxe que mais não passam do que deixas para um discurso pré-fabricado e pré-formatado.

Desassombradamente e de forma profissional, a jornalista soube ardilosamente desmontar a farsa – não só os alunos eram fictícios, contratados por uma agência, como tudo aquilo tresandava a show-off propagandista – e contar a história. Mas o facto da história ser mais do mesmo – propaganda barata sobre temas sérios elevados a utopias à lá Aldous Huxley – não me preocupa. O que me preocupa é eles – primeiro-ministro, ministros e responsável pelo emblemático Plano Tecnológico – acreditarem naquilo. O que me preocupa é eles acreditarem piamente que são aqueles meios – que supostamente corrigirão a mão azelha do professor que ao tentar desenhar um equilátero no quadro de ardósia lhe sai um T0 na Musgueira – que irão melhorar o ensino em Portugal. Pensar que são aqueles écrans espalhados pela sala de aula - mais o quadro mágico que desenha as figuras geométricas na perfeição, mais o programinha que indica logo quantos erraram - que irão resolver os problemas do ensino e substituir a «escola do passado» pela «escola do futuro». Pensar que a «escola do futuro» é aquilo. Um dos mais brilhantes professores que encontrei no antigo Preparatório, e em toda a minha vida, dava aulas de matemática num quadro de ardósia. Ali, na André de Resende (em Évora). Tinha uma caligrafia horrenda e um jeito para o desenho equivalente ao do Dr. House para a diplomacia. Era desajeitado e desorganizado. Odiava calculadoras. E, contudo, ensinou-me matemática como mais ninguém. E ensinou-me a gostar de matemática – mania que eu ainda hoje cultivo e aprecio. É inútil e escusado explicar isto ao Sr. Primeiro-Ministro e à Sra. Ministra da Educação. Pelo que se viu na reportagem, estúpido, até.


Carlos do Carmo Carapinha»

(via 31 da armada; sublinhados meus)

evva

terça-feira, julho 24, 2007

Banda sonora de um Verão inesquecível



[é o que dá estar submersa em trabalho com um sol maravilhoso e ameno a convidar-nos a outras paragens...]

evva

Deixa-me cá ver se eu compreendi

"Mulheres que querem fazer um aborto têm que ser atendidas em cinco dias, quando uma consulta de ginecologia pode demorar meses"

in Público, 23.07.2007, pag. 12.


Pois… Eu juro que entendo o problema, e a posição aparentemente radical do governo.
…mas ao fim de 9 meses já não vale a pena ter consulta, pois não?


andré

segunda-feira, julho 23, 2007

A não perder




Anna (Nina Kervel-Bey), protagonista de La Faute à Fidel, a minha heroína* do momento.

evva

*Reparem no pormenor da laranja descascada de faca e garfo. Adorável.

quinta-feira, julho 19, 2007

En Barcelona


Músico na catedral



Bairro gótico


Sagrada familia


Companhia de Gás


Casa Milà / La Pedrera


Fontes do Palau Montjuic


Parque Guell


Ensaio das Women Sing na igreja de Santa Maria de Pi


Panorâmica a partir do parque Guell


andré

terça-feira, julho 17, 2007

sexta-feira, julho 13, 2007

segunda-feira, julho 09, 2007

20 anos depois



Já passaram 20 anos desde que As montanhas ou esta Cidade nos encantaram. Eram Os Dias da Madredeus, uma experiência de 5 músicos, uns conhecidos outros nem por isso, que depois evoluiu para o mais popular fenómeno musical da música portuguesa contemporânea.
Acusados pelos mais conservadores de serem um meio termo (um rosé), os Madredeus foram para além do Fado com um som nostálgico e melancólico mas nem tão triste nem tão trágico. O ensemble que daí nasceu, e que entretanto se perdeu, trouxe-nos o Pastor, o Mar, as Ilhas dos Açores, o Pomar das Laranjeiras, a Cantiga do Campo, a Vaca do Fogo, e muitas outras coisas que deliciaram muita gente e deram origem uma enorme legião de fãs.
Depois do Espírito da Paz, não sei se foi o sucesso, a fixação na voz (que nunca foi o essencial) ou se foi outra coisa qualquer, que condenou o grupo à redundância e indulgência. Tornaram-se o clube dos adoradores da menina, agora senhora, e que entretanto mudou de voz, mais afinada, mais aguda, mais límpida, mais esterilizada.
Foi-se o acordeão e o violoncelo, perdeu-se a emoção e a intensidade.
Não era fado, e ainda bem. Mas o destino foi trágico. E triste.

andré

sexta-feira, julho 06, 2007

terça-feira, julho 03, 2007

segunda-feira, julho 02, 2007