A propósito da presença de Nick Griffin no Question Time…
Para quem não sabe, Nick Griffin é o líder do British National Party (BNP), um partido inglês de extrema direita com posições xenófobas em relação a emigrantes e minorias étnicas, que apoia a posse de armas pelos cidadãos, e defende castigos corporais e a pena de morte.
No passado dia 22/Out/09 o líder do BNP esteve presente no programa da BBC, Question Time, onde teve a oportunidade de exprimir as posições do seu partido perante uma audiência e um painel de membros de outros partidos. De acordo com o Público de 24/Out/09, o referido programa teve um recorde de audiência – 1 em cada 7 ingleses viram o programa (Inglaterra tem 51 milhões de habitantes).
Recordes à parte, a presença de Nick Griffin no Question Time gerou uma enorme confusão lá pelas ilhas. Houve protestos à porta da BBC e diversas manifestações de indignação perante o convite de uma estação paga com o dinheiro de todos os contribuintes a uma pessoa que defende posições contra uma parte significativa desses mesmos contribuintes (5.30% da população inglesa emigrou do subcontinente Indiano, sobretudo da Índia e do Paquistão, e 2.30% é de raça negra, sobretudo das Caraíbas).
A existência de partidos xenófobos, racistas, ou belicistas é tão aceitável como a de qualquer outro movimento politico. Eu, e muitos outros como eu, fica contente pelo facto de os primeiros não conseguirem apoio suficiente para terem representação politica nos órgãos de soberania.
Contudo, em Inglaterra, Nick Griffin conseguiu ser eleito como deputado para o parlamento Europeu em 2009, garantindo a sua legitimidade enquanto representante eleito. Esta situação já aconteceu noutros países Europeus, sendo Jean Marie Le Pen talvez o caso mais conhecido. Mas há mais, pois em 2007 o Parlamento Europeu teve entre os seus grupo partidários, o Identidade, Tradição e Soberania onde estavam reunidos os representantes de partidos da extrema-direita. O movimento entretanto extingui-se.
A democracia dá de facto muito trabalho a manter. É preciso aceitar as posições de todos os que nela participam e a liderança daqueles que vencem eleições. Mas a democracia não funciona sem a oposição dos que perdem nem dos que protestam.
Assim sendo, perante a existência de partidos de extrema-direita, posso dizer que me oponho às suas posições e que no dia-a-dia me oponho a posições semelhantes. Contudo, acho muito bem que o meu dinheiro seja gasto para dar voz a pessoas que defendem posições como essas, caso tenham uma legitimidade semelhante à de Griffin. Fico triste e indignado, mas eles também têm direito.
Por fim, perante o aumento do apoio a partidos de extrema-direita, posso escrever neste blog e dizer a todos os que pensam como eu: Malta! Estamo-nos a baldar…
André
Sem comentários:
Enviar um comentário