quinta-feira, novembro 04, 2010

Sophia

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade, para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento.


Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto


(Não me posso esquecer de ler poesia todos os dias, a vida só faz sentido assim. Recordem-mo, por favor. Obrigada.

Elsa)

3 comentários:

Daisy disse...

Sua Beleza (Sophia)

Sua beleza é total
tem a nítida esquadria de um Mantegna
Porém como um Picasso derrepente
Desloca o visual

Seu torso lembra o respirar da vela
Seu corpo é solar e frontal
Sua beleza à força de ser bela
Promete mais do que prazer
Promete um mundo mais inteiro e mais real
Como pátria do ser

Daisy disse...

Do Livro "O Nome das Coisas"

Daisy disse...

Elsa, não te esqueças de ler poesia todos os dias! Tu própria pediste que te lembrasse...