Triangulo das virtudes
Nos dois últimos episódios da série "Os homens do presidente" (West Wing), emitida no AXN, discutia-se se na política externa norte americana devia estar contido explicitamente o direito de intervenção em situações de tirania mesmo que não afectassem os interesses do país. Um lado a favor da defesa de povos, o outro a favor da autoingerência e a pensar nas consequências óbvias que tal política traria para a análise de outras situações onde não fosse tão clara a tirania ou a ameaça de povos indefesos.
Ontem à noite, a 2: emitiu um documentário sobre Fidel Castro, onde retratava como foi e tem sido capaz de se manter (quase) independente à influência norte americana, embora muito à custa da limitação dos direitos dos cidadãos do seu país. Mas mesmo assim, eis que aos 80 anos "el Castro" ainda se mantém (vamos a ver até quando) como o pilar, o farol de um povo que parece ter com ele uma relação similar à que tivemos com Salazar durante mais de 40 anos.
No final da passada semana, Kofi Anan, num discurso eloquente e preciso, defendia que a acção militar não fazia parte das soluções para o conflito entre Israel e o Hezbollah, mas representava sim uma falta de imaginação e de capacidade dos líderes para encontrarem outras soluções.
Após diversos encontros, eis que sai a resolução: a guerra acabava hoje pelas 00h50. Entretanto, entre a aprovação da resolução e o “fim” das hostilidades ainda houve tempo para mais umas bombas israelitas e uns katiucha do Hezbollah.
Creio que nunca como antes o mundo esteve tão cheio de referências ambivalentes e de realidades indefinidas. O inundar de informação e o consequente aumento da variedade das suas fontes coloca-nos numa situação difícil em que nos questionamos constantemente sobre quem tem ou não razão.
Acredito que não é fácil ser dono do mundo nem desistir dos sonhos e dos ideais em que acreditamos, contudo, ainda não encontrei desafio mais árduo e estimulante do que manter a paz e tentar fazer com que as pessoas se entendam, respeitando diferenças e pontos de vista. É esse para mim o grande desígnio que os EUA nos trouxeram mas que agora se vêem incapazes de defender. Tal como Fidel, eles perderam toda a sua credibilidade.
Perante isto, continuo a encontrar inspiração e consolo (embora pouco) naquele africano de cabelos grisalhos que insiste (embora não por muito mais tempo) em defender o primado do equilíbrio e da justiça entre nações.
Não, não é nenhum salvador. Mas lá está, não acredito em milagres.
andré
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