Imperdoável
Há já algum tempo que mo haviam recomendado. Apreciadora da escrita do autor, contava os dias que faltavam para uma amiga terminar a leitura e emprestar-mo. Ontem, finalmente, chegou-me às mãos. Li o texto da contracapa, a dedicatória, as epígrafes a recordarem-me inesquecíveis leituras. O narrador arranca com uma série de digressões aforísticas. Interessante a frase de abertura. Na segunda proposição, o sujeito 'a gente' sobressalta-me. De imediato o resto da frase cai pela escada definitivamente abaixo da minha consideração.
Se há expressão que não suporto é 'a gente' como sinónimo de 'nós'. 'A gente podia ir adorar o sol, em vez de estares aqui fechada a escrever baboseiras no computador', etc, etc. Estraga todo e qualquer discurso, qual Dão Tinto Reserva que se oferece com desvelo e que alguém coloca inopinadamente no frigorífico antes de servir.
Quando há anos trabalhei a sul, apercebi-me do uso abusivo da expressão, sobretudo aliada à forma plural do verbo. De facto, não é um sujeito que os falantes do norte utilizem com frequência. Ou utilizassem. Como em quase tudo na língua, os estranhos hábitos do sul contaminam a ancestral puridade minhota e duriense.
Quando há anos trabalhei a sul, apercebi-me do uso abusivo da expressão, sobretudo aliada à forma plural do verbo. De facto, não é um sujeito que os falantes do norte utilizem com frequência. Ou utilizassem. Como em quase tudo na língua, os estranhos hábitos do sul contaminam a ancestral puridade minhota e duriense.
Fecho o livro. No Campo Alegre passa o Vera Drake. Bom filme. Terei sido a única a concordar com a sentença? Há actos que a ingenuidade ou o altruísmo desajustado não podem desculpar.
evva
evva
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