Concordo plenamente
(...) Não vale a pena, portanto, insistir e, por favor, deixem-se do ambiente sustentável, do impacte ambiental, da avaliação ambiental estratégica, e de todas essas missas tecnocráticas que só nos confundem. Dizem os filhos da mãe natureza que de emissões de CO2, a maior factura vem da China e dos EUA e de uma Europa de que nós somos só uma migalha, e que pondo uma percentagem mínima de indianos e chineses de automóvel será um estoiro e não se perceberá por que é que eles não haveriam de gostar tanto de automóveis como nós. Porque raio é que, estando a despesa tão mal distribuída, havemos todos de ter a mesma consciência e as mesmas práticas ambientais é coisa mais difícil de perceber do que a Arca de Noé.
(...) Nós não queremos mais martírios e culpas ambientais e já pagamos demasiado pelos automóveis, os seguros, os impostos de circulação, a taxa sobre os combustíveis, as portagens, as reparações, as vistorias, as pinturas, os pneus, as jantes e o tuning. Se pagamos tanto, é porque nos fazem muita falta. Não queremos biomassa, só massa e que o preço dos cereais não faça com que a massa fique mais cara. Não queremos mais discussões baseadas em sustentabilidades porque não se sabe que coisa isso seja e onde mora, e porque diz o bom senso não se poder medir nada por coisas que não se sabem o que são. Política tem mais a ver com gestão de conflitos do que com construção de consensos, segundo dizem. Que se diga então quais são os conflitos e de quem são e ficará tudo mais claro do que andar a encanar a perna à rã com sustentabilidade e outros conceitos-esponja que tudo absorvem e, em espremendo-os, também sai de lá qualquer coisa. Anda assim o povo tão baralhado que tanto faz que o novo aeroporto vá para Alcochete como para o meio do mar da Palha num mouchão sustentável (para que não se afunde) e os flamingos que se desviem ou que se suicidem em bandos para dentro das entranhas das turbinas antes que os aviões embatam nas pontes.
Razão têm as cegonhas (natureza voadora) do Baixo Mondego que, ao contrário dos flamingos, fazem ninhos nas torres de alta tensão, verdadeiros resorts naturais que compatibilizam a REN com a REN e a RAN e que dispensam declaração de PIN.
Excertos da crónica de Álvaro Domingues que saiu hoje no Público.
andré
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