quinta-feira, abril 10, 2008

Era uma vez uma idade.
Sentada à porta de casa, apascentava os seus mortos.
Quando eles se aproximavam demasiado, separava-os com uma varinha.
"Sim, porque o peso dos mortos para onde vai?" — perguntava a idade. E nesses momentos envelhecia.
Recolhia a casa e os mortos deitavam-se debaixo das árvores.
Quando os ramos extremeciam, os mortos perguntavam: a idade, para onde irá?
E erguiam-se de sob as árvores.

Tisana n.º 75
Ana Hartherley, no Pessoal e Transmissível de 28 de Março.


andré

1 comentário:

Esplendor disse...

Gostei muito, mas uma tisana nocturna, não deveria ser tão inquietante...

Sónia