Um gelado na grua
O meu país é um gelado num dia como hoje. Estão 32 graus em Bruxelas - azar dos azares, o verão calhou este ano numa 5a feira - e o povo arrasta-se. A pé, semi-nu com os ombros brancos a exaltar-se em tons de caranguejo. Ou em carros climatizados, em bicha de baixo da minha janela.
Em frente ao quartel general da NATO está um camião supostamente cheio de explosivos. Suspiro. Os très representantes das regiões indicados pelo rei entregaram hoje o seu relatório, dizendo que todas as partes envolvidas neste crise, ainda estão dispostas a falar um com o outro. Ficamos mesmo contentes. E em várias obras na cidade pendurarem-se refugiados em gruas, exigindo a regularização da sua situação, o que ontem resultou na queda dum Argelino, ficando ele gravemente ferido.
Mas qual quê? O povo, suspirando, está preocupado com o poder de compra, como mostra uma sondagem de hoje. Querem eles lá saber de crises políticas, bombas ou homens em gruas. Estão mas é procupados com a sua próxima Coca-Cola, que eles precisam mesmo, hoje, agora, para refrescar. Ou um gelado, também seria uma boa ideia, a noite, talvez numa grua, para ver melhor as estrelas.
Mas afinal quem é este gajo que está a falar? Se calhar devia apresentar-me.
Olá, sou o Wouter, espécie humano vulgarmente categorizado como belga. Há dias tive o prazer e asorte de reunir-me com duas famosas participantes neste crónica num jantar de amigos, aqui muito (4 vezes) comentando. Falou-se muito, e foram ditas até algumas coisas. Entre as quais o username e o password para entrar neste blog. Aceitei o convite com muito prazer, e com a promessa de notíciar esporadicamente das coisas que acontecem neste país doido. É isso que farei. Mas antes de mais, vou comer um gelado.
Saudades e saudaçoes,
Wouter
1 comentário:
Boas vindas! Por aqui, o tempo não está para gelados - nem mesmo para aqueles novos de chocolate extra-negro e muito chili... Chove a potes lá fora! Parece que chegou o Inverno! E, mesmo assim, o povo não tem a cabeça o suficientemente fresca para ver bem as estrelas. Depois de onze meses de muito trabalho,já só quer quer dormir...
Sónia
(Ficamos à espera de mais textos teus!)
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