terça-feira, setembro 30, 2008

Por que adoramos a América


Por Gabriel Silva, no Blasfémias

Ontem, durante cerca de 40 minutos, assisti a algo verdadeiramente empolgante: em transmissão directa, a discussão do proposta financeira na Câmara dos Representantes. Com intervenções, de no máximo 2 minutos, sucediam-se os congressistas. Uns, favoráveis á sua aprovação, mostrando desagrado com a proposta e com a situação, mas apelando ao nacionalismo, à absoluta necessidade de agir e ao mal menor. Outros, muitos, verdadeiramente furiosos com tudo, com a situação, com a negociação secreta do «pacto», com os poderes autoritários, com acusações várias de conspiração, roubo, corrupção, prepotência, enfim, danados. Um verdadeiro «parliament in action». De um lado e do outro nada ficou por dizer. Surgem os líderes republicanos e democratas. O primeiro, angustiado, tenso, faz um brilhante discurso de concliação e apela de forma emotiva (chegou às lágrimas) à sua aprovação. O democrata segue na mesma linha, nacionalismo, urgência, absoluta necessidade, pior não agir, acordo bi-partidário. Surge Nancy Palosi. Em tom totalmente partidário, ao ataque, parecendo em comício para a eleição presidencial, não sei se foi decisiva, mas certamente terá ajudado alguns daqueles poucos (15 ou 20) representantes ainda indecisos a votarem contra. Votou-se e na apresentação dos resultado, com uns segundos de absoluto silêncio e surpresa, seguiu-se um enorme bruá e a percepção que tinham protagonizado um momento histórico. Do lado de cá do oceano, muitas reacções demonstram a dificuldade em compreender como vindo directivas de «cima» se ignoram as mesmas, ou porque fazendo-se um acordo negociado entre as cúpulas «clarividentes», os de «baixo» não os respeitam e insistem em pensar pela sua cabeça, dizendo-se mesmo que «deveriam confiar em quem tem mais informação». O que não seria mais do que aceitar o despotismo. Nada de novo, seja sobre referendos, eleições ou simples votações parlamentares. Há sempre quem fique aborrecido com a prática e os resultados da liberdade. Mas sim, na verdade, esta ainda mexe».

evva

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