segunda-feira, janeiro 19, 2009

A procura de sentidos

As declarações à TSF de Jorge Pedreira,  Secretário de Estado Adjunto e da Educação merecem comentário:

1) se a opinião do ME (Ministério da Educação) acerca do sentido da greve é alheia ao grau de adesão à mesma, por que razão medem essa mesma adesão e a comparam à greve anterior?

2) se é verdade que em algumas escolas "onde é possível fazer essa comparação os dados são sistematicamente inferiores" aos da greve anterior, noutras, também é verdade que são "sistematicamente semelhantes ou superiores", segundo me é dado perceber pelo que se passou na minha própria escola.

3) poder-se-á deduzir que não  "havendo um processo negocial agendado"  e  não "havendo a possibilidade de resolver as questões através do diálogo e da negociação" o Sr. Secretário de Estado entenderia que já havia razão para prejudicar as os alunos e as famílias? Pela minha parte acho que nunca há razão para prejudicar os alunos e as famílias (inclusivamente as dos professores) e acho que é precisamente isso que a greve procura evitar: o prejuízo, não de uns dias, mas de todo um processo formativo.

4) poder-se-à deduzir que, ao referir-se ao processo negocial como alternativa, o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Educação quererá dizer que, desta vez,  parte para esse processo admitindo o que a greve reivindica como condição básica para o processo: a suspensão do actual modelo (para substituição por outro) e o fim da divisão da carreira?

5) que credibilidade dá ao processo negocial o ME, depois de o usar como arma de intimidação para evitar uma greve, que, afinal, sempre fizemos (recordar tema aqui)?

6) Será que  parte do sentido desta greve não foi precisamente para defender o direito à greve sem intimidações e ameaças?

Sónia

1 comentário:

João Sá disse...

Já vimos que coerência não é o forte deste ministério, nem do governo. Assim, não são de estranhar estas declarações. Desmontas muito bem as declarações do secretário de estado. Eu acho é que já não deveria ser necessário continuar a bater no ceguinho... Digo, desmontar o mesmo tipo de argumentação. Só depende deles e fariam um favor a muita gente, principalmente às futuras gerações.
Esperemos que em breve possamos orientar os nossos neurónios para outros assuntos. Infelizmente, enquanto o cenário se mantiver vamos ter de continuar atentos a esta argumentação falaciosa.