A propósito de comunismo e democracia…
Só posso compreender o eventual embaraço da Dr.ª Ferreira Leite em relação às afirmações do seu camarada de partido se no seio da actual liderança do PSD ou entre as elites do partido houver uma vontade expressa ou uma posição consensual sobre a incompatibilidade entre comunismo e democracia. Para o Dr. João Jardim ter levantado a lebre…
Apesar disso, o argumento lançado pelo governante da Madeira é mais demagógico do que outra coisa. Ao contrário das suas congéneres fascistas, as organizações comunistas sempre conviveram bem em ambientes democráticos, quer através de uma representação parlamentar, quer através de uma forte presença no movimento sindical. Penso que só assim se compreende o respeito que, de uma forma geral, o povo lhes deu, apesar do reconhecimento das atrocidades que foram feitas em nome da ideologia que os comunistas defendem.
Sobre as organizações fascistas não se pode dizer o mesmo. Apesar disso, nos últimos tempos, à boleia das mais recentes crises sociais, talvez tenham chegado à conclusão que mais vale obedecer às regras democráticas e existir, do que permanecer numa posição marginal e muitas vezes ridícula. Este facto, traz-me mais preocupação do que descanso, mas a democracia é mesmo assim, existe um constante esforço contra aqueles que a querem pôr em causa.
Ao contrário do fascismo, o comunismo foi no século XX um importante veículo de desenvolvimento social. Foi decisivo na definição do papel do Estado enquanto promotor de igualdade entre os cidadãos, e eu ponho-me a pensar se não terá sido o radicalismo deste movimento a permitir aos social democratas, enquanto alternativa mais moderada, a realização das suas políticas de apoio social.
Depois há que considerar também toda a sustentação intelectual que o comunismo tinha. Não consegui encontrar ainda algo similar no movimento fascista.
E pronto, lá se gastaram mais umas linhas a custo do Dr. João Jardim, que assim como assim, lá vai conseguindo fazer com que ninguém o esqueça. O que até não é mau. Rir sempre fez bem à saúde e ao espírito.
André
Apesar disso, o argumento lançado pelo governante da Madeira é mais demagógico do que outra coisa. Ao contrário das suas congéneres fascistas, as organizações comunistas sempre conviveram bem em ambientes democráticos, quer através de uma representação parlamentar, quer através de uma forte presença no movimento sindical. Penso que só assim se compreende o respeito que, de uma forma geral, o povo lhes deu, apesar do reconhecimento das atrocidades que foram feitas em nome da ideologia que os comunistas defendem.
Sobre as organizações fascistas não se pode dizer o mesmo. Apesar disso, nos últimos tempos, à boleia das mais recentes crises sociais, talvez tenham chegado à conclusão que mais vale obedecer às regras democráticas e existir, do que permanecer numa posição marginal e muitas vezes ridícula. Este facto, traz-me mais preocupação do que descanso, mas a democracia é mesmo assim, existe um constante esforço contra aqueles que a querem pôr em causa.
Ao contrário do fascismo, o comunismo foi no século XX um importante veículo de desenvolvimento social. Foi decisivo na definição do papel do Estado enquanto promotor de igualdade entre os cidadãos, e eu ponho-me a pensar se não terá sido o radicalismo deste movimento a permitir aos social democratas, enquanto alternativa mais moderada, a realização das suas políticas de apoio social.
Depois há que considerar também toda a sustentação intelectual que o comunismo tinha. Não consegui encontrar ainda algo similar no movimento fascista.
E pronto, lá se gastaram mais umas linhas a custo do Dr. João Jardim, que assim como assim, lá vai conseguindo fazer com que ninguém o esqueça. O que até não é mau. Rir sempre fez bem à saúde e ao espírito.
André
7 comentários:
Claro que há incompatibilidade entre comunismo e democracia! 'Ditadura do proletariado' diz-lhe alguma coisa?
evva
O termo ditadura tem de ser contextualizado, Elsa. Remetendo para o que é já um clássico ;) , a wikipedia, "Apenas nisso consiste a ditadura do proletariado, no ato revolucionário de expropriar os meios de produção e quebrar a consequente resistência burguesa. Mas ao passo que constrói o socialismo a ditadura do proletariado promove a ampliação de democracia que torna-se pela primeira vez a democracia das massas. Mas se amplia a democracia e aboli o Estado, enquanto Estado, porque essa revolução se chama ditadura do proletariado?
Para Marx, o governo, por mais democrático que seja é uma ditadura, pois vive num quadro de um Estado o que garante a dominação da classe dominante e, segundo Engels, o uso da força pelo proletariado para expropriar os meios de produção seria também uma forma passageira de Estado e portanto uma ditadura. Segundo o mesmo Engels, em uma polêmica com os anarquistas, os marxistas seriam também a favor da abolição do Estado junto com a abolição das classes, mas acham necessário para isso o uso das armas o que seria uma forma passageira de Estado, mas Marx esclarece que não se trata aqui de trocar certas instituições por outras. O primeiro e ultimo ato próprio do Estado Operário é a abolição das classes e consequentemente sua própria abolição." No século XIX as relações sociais eram violentas e por isso a expressão violenta de "ditadura do proletariado" . Hoje o conceito não está no programa do PCP.
Se não fosse o Alberto João, André, ainda estávamos para aqui com saudades de um post teu, André! Que isso lhe valha como atenuante pela estupidez que disse. A propósito, já repararam que o homem fala de ideologias totalitárias, mas, nessa linha distorcida de pensamento, só questiona o PCP. E o PNR, não o preocupa?
Belo Post, Andre!
Joana
Belo post. Toca em pontos importantes.
A discussão tem é uma falha.
Reparem neste esquema:
http://bp1.blogger.com/_UL5gef6g4hI/Rzh1A2dcdFI/AAAAAAAAA3c/-9aQd8oKdg4/s1600-h/teste_02.jpg
Estão a discutir entre os extremos do eixo X, e na parte superior do eixo Y.
Esqueceram-se da parte inferior do eixo Y?
O João Jardim é que se "esqueceu"... :) A proposta de revisão constitucional que ele faz, lida honestamente (e não como ele agora pretende que se leia...), não resulta de uma preocupação ideológica em abstracto com os supostos totalitarismos, mas sim de um pensamento estratégico muito concreto que está orientado para o silenciamento das forças que, no contexto actual, o incomodam. De qualquer forma, acabámos -quase involuntariamente, é verdade... - por falar nisso: entendendo como eixo y o horizontal, a discussão passa por aí quando comentamos o conceito de "ditadura do proletariado". Embora rejeitado pelo discurso anarquista, a verdade é que, em termos práticos, o conceito em questão, define o momento de transição para um estádio de evolução política que coincide ou dificilmente se distingue da anarquia.
*entendendo como eixo x o horizontal...
Grande Sónia
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