segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Portugal um retrato social…

…é o tema de um documentário em 7 episódios, realizado por uma equipa dirigida pelo sociólogo António Barreto, e que vai passar, a partir de 14 de Março, pelas 21h00, na RTP1 (para mais promenores ver entrevista no P2 de hoje).

A entrevista com António Barreto serve para apontar uma vez mais o dilema que os intelectuais parecem viver em relação ao país que habitam. O choque que sentem com as condições de miséria ainda existentes, algumas não muito longe do local onde vivem. A sua revolta perante um povo que não trata bem os sítios onde vive. O desapontamento com a falta educação e cultura. "Eu não perdoo os meus concidadãos."

Pois… parece que estamos destinados a viver com uma elite que insiste em ver os concidadãos como o povo, os autarcas, os médicos…
… o outro, sempre o outro. Tal qual um objecto de pesquisa ao qual nos mantemos distantes.
Eu compreendo que os intelectuais têm o dever de denunciar o estado de subdesenvolvimento que o país atravessa, mas não entendo como é que eles se afastam quase sempre do problema que descrevem. Como se lhes fosse alheio.

É por causa disso que depois se queixam que ninguém os ouve ou lhes presta atenção. Há historicamente em Portugal, uma enorme falta de solidariedade entre aqueles que têm - educação, dinheiro, poder - e os que não têm. Esta conduta tão enraízada serve também para que os ex-subdesenvolvidos, aqueles que conseguiram subir pela escada social, se vinguem do grupo de onde vieram, para mais facilmente se distinguirem dele.
O conhecimento tantas vezes utilizado para oprimir e não para progredir.

Bem bom era que a RTP disponibilizasse em PODCAST a série. Eu gosto de me olhar ao espelho de vez em quando, mesmo quando não gosto de tudo aquilo que vejo.

andré

2 comentários:

Esplendor disse...

Não estarás a generalizar um bocado? Nem todos os que têm 'educação, dinheiro, poder', para utilizar os termos da tua trilogia, os utilizam para 'oprimir e marginalizar o próximo'.

evva

Esplendor disse...

Lamento se dei a entender isso.

Eu digo que existe essa tradição e dou um exemplo. Mas não pretendo dizer que todos são assim.
…Infelizmente, por vezes tenho a impressão que a maioria é assim.

Por vezes tenho a impressão que as nossas elites são um pouco esquizofrénicas. Ou talvez demasiado utópicas.

Dizer o que está mal é fácil, dizer o que é bom é mais fácil ainda. Dificil é ajudar a fazer bem.

andré