domingo, março 29, 2009

Obituário



GUSTAVO BRANDÃO 

Tínhamos amigos e conhecidos em comum, mas não nos conhecíamos. Sem o saber, fez-me companhia muitas vezes. Recordo especialmente as vezes em que, na biblioteca da FLUP, eu tapava os ouvidos a tudo o resto, para ouvir apenas a guitarra dele no meu "walkman". 
Já não está connosco. Não o conhecia, mas há pessoas assim:  mesmo nunca tendo convivido com elas, fazem-nos falta quando partem.

Sónia

Ó tempo, volta p'ra trás...

"...Traz-me tudo o que perdi."

Lá dizia a canção...
Não partilham esta inquietante sensação de que esta noite vos roubaram tempo de vida?

Sónia

sábado, março 28, 2009

Em mente num fim de semana de trabalho...

... e em jeito de boas-vindas a uma recente seguidora, aqui ficam duas citações de Paul Lafarge:


Une étrange folie possède les classes ouvrières des nations où règne la civilisation capitaliste. Cette folie traîne à sa suite des misères individuelles et sociales qui, depuis des siècles, torturent la triste humanité. Cette folie est l'amour du travail, la passion moribonde du travail, poussée jusqu'à l'épuisement des forces vitales de l'individu et de sa progéniture. Au lieu de réagir contre cette aberration mentale, les prêtres, les économistes, les moralistes, ont sacro-sanctifié le travail. Hommes aveugles et bornés, ils ont voulu être plus sages que leur Dieu; hommes faibles et méprisables, ils ont voulu réhabiliter ce que leur Dieu avait maudit.


Le Droit à la paresse, Paul Lafargue, éd. Oriol, 1883, chap. 1 (« Un dogme désastreux »), p. 7

Nos machines au souffle de feu, aux membres d'acier, infatigables, à la fécondité merveilleuse, inépuisable, accomplissent docilement d'elles-mêmes leur travail sacré, et cependant le génie des grands philosophes du capitalisme reste dominé par le préjugé du salariat, le pire des esclavages. Ils ne comprennent pas encore que la machine est le rédempteur de l'humanité, le Dieu qui rachètera l'homme des sordidae artes et du travail salarié, le Dieu qui lui donnera des loisirs et la liberté.


Le Droit à la paresse, Paul Lafargue, éd. Oriol, 1883, Appendice, p. 54

(ambas em Wikiquote; ver texto completo aqui)

Sónia


quinta-feira, março 26, 2009

Tras-os-montes ainda e Portugal?

Ontem de manha a noticia no Publico:Refer fecha Linha do Corgo e Linha do Tamega por tempo indeterminado. Nenhum aviso foi feito as populacoes. A automotora, estacionada em Vila Real, foi levada de volta a Regua pela calada da noite, como se de um roubo se tratasse. Indigno-me com a arrogancia, com a falta de respeito pelos utentes diarios destes comboios, na sua maior parte, idosos e agricultores que viajam para Vila Real ou para a Regua e pelos utentes menos frequentes, nos quais me incluo. Decido telefonar para a Refer para me queixar. Um numero de Lisboa. Nao serve. dao-me um outro numero, desta vez do Porto. Nao sabem de nada. Tento um novo numero, tambem do Porto. "Menina, isso e com Lisboa". Outro numero. O primeiro. Volto a marcar. Uma voz de mulher do outro lado pergunta-me em tom telemarkingesco o que desejo. Quero queixar-me. Quero que alguem me ouca dizer que como trasmontada me sinto desconsiderada, roubada ate. Quero que alguem perceba que os trasmontanos estao cansados de serem os ultimos. Que o que aconteceu a linha do Tua no ano passado, a linha de Vila Real -Chaves, a linha de Mirandela, a linha de Barca de Alva nao pode acontecer com a linha do Corgo e com a linha do Tamega. Quero que a Refer perceba que nos merecemos ter uma linha de comboio em Tras-os-Montes e Alto Douro. A voz do outro lado da linha pergunta: "Isso fica para cima do Porto, nao e?"


Joana
(peco desculpa pela falta de acentos e sinais graficos proprios do portugues, mas escrevi isto no Mac do Michel)

Tiene usted la habilitacione?


[Para o Grupo 350 e em força!

evva]

terça-feira, março 24, 2009

Da importância de tê-los ou não... no sítio


Afonso Henriques e Almançor disputam trono


No JN de hoje:


«Puro sangue lusitano Afonso Henriques foi aclamado rei, num concurso de cavalos da última feira da Golegã, em Novembro, mas a vitória vai ser contestada em tribunal, porque o animal não tinha os testículos no sítio certo.

A polémica está ao rubro e há quem brinque que aquela vitória é uma questão patriótica: se o cavalo da Coudelaria Monte Velho com o nome do nosso primeiro rei for desclassificado, o ouro do concurso de "Modelo e Andamentos" será entregue ao segundo classificado, da Coudelaria Veiga, também puro sangue Lusitano mas chamado Almançor - apelido do chefe do exército muçulmano que vergou os cristãos ibéricos em muitas batalhas.
Irónico, também, é que quem acendeu a polémica seja Domingos Figueiredo, filho do Marquês da Graciosa, que recebeu educação monárquica. O que dela retira, para o caso, são princípios que não calam a sua indignação contra o "compadrio" que domina o país e explicará este "escândalo", acusa.
Figueiredo, da Coudelaria Quinta do Figueiral, contestou, junto da Associação da Feira Nacional do Cavalo (AFNC), a admissão de Afonso Henriques a concurso. O regulamento só permitia machos com capacidade reprodutiva, o que não é o caso dos que, como aquele, padecem de criptorquidia, argumentou.
A direcção da AFNC pediu um parecer jurídico, que defende a desclassificação de Afonso Henriques, mas, na sexta-feira, deliberou em sentido contrário, evidenciando a ambiguidade do presidente, Veiga Maltês: "Pessoalmente, o presidente da associação é da opinião de que o poldro deveria ser desclassificado", assumiu, ao JN, ressalvando a colegialidade da direcção.
Para Figueiredo, "faltou coragem". "Houve alguma: a associação deu nota negativa ao que se passou, mas não podíamos ter uma atitude mais sangrenta", respondeu Maltês, reconhecendo na contestação uma tentativa de "dignificar o puro sangue lusitano". Figueiredo não se contenta com elogios, e vai avançar com uma acção, no Tribunal da Golegã, para que o ouro seja entregue ao viril Almançor.
A criptorquidia impede a descida dos testículos ao escroto e torna as suas vítimas inférteis. Mas não impediu Afonso Henriques de ir à Golegã alcançar o primeiro lugar, entre os poldros de 3 anos. Segundo o parecer da AFNC, foi desrespeitada a nota do regulamento que exige a "ausência de sinais de doença" que comprometam o acesso ao Livro de Reprodutores. Este é regulado por decreto-lei e implica "idade e capacidade reprodutiva convenientes", o que depende da "integridade morfofuncional dos órgãos genitais", frisa o parecer.
Segundo Maltês, os veterinários que admitiram Afonso Henriques "cingiram-se às indicações do presidente do júri", Filipe Figueiredo, que considera que a reclamação, do seu irmão, "não tem qualquer fundamento". "A descida dos testículos deve ser exigida unicamente na classe de garanhões", argumentou, na tese acolhida pela AFNC.
Já o dono do equino, Lima Mayer, disse que a Associação do Cavalo Puro Sangue Lusitano recebeu um parecer veterinário que conclui que a criptorquidia é curável até aos 4 anos. Afonso Henriques não se curou e já foi castrado. Lima Mayer afirma também que "nem estava presente" no exame de admissão do seu cavalo. "Se há compadrio, não é comigo". Rejeita ainda a crítica que lhe dirige a AFNC quando diz que ele deveria ter equacionado, "de forma cuidada e sensata", a participação do animal no concurso, pois ela "veio a provocar um grande impacto negativo, a nível nacional e internacional, com consequências indesejáveis" na imagem da feira e da raça lusitana


[evva]

Comunistas somos todos!


Dedicado à Joana e ao João,

Sónia

domingo, março 22, 2009

Uma lição de vida


Um filme enorme. Ainda estou sem palavras.


evva

O artigo da polémica

«Os valores de Bento XVI não são os valores de um governo, de uma ONG ou de um indivíduo que tenta limitar o imenso desastre da sida em África. São valores de outra ordem. São valores de uma ordem religiosa, que cada vez menos se percebem ou respeitam no Ocidente. Não vale por isso a pena discutir a moral sexual da Igreja (e do Papa). Vale a pena garantir que ela não invade a esfera da liberdade civil. Ora Ratzinger não andou por África a pedir que se proibisse o preservativo. Pediu aos católicos que prescindissem dele, em nome de uma perfeição que os católicos escolheram procurar. A influência dele é, neste capítulo, deletéria? Inegavelmente. Convém que ela não alastre em África (e na Europa)? Sem a menor dúvida. Mas sem esquecer que o Papa está no seu direito e no seu papel.»

Vasco Pulido Valente, Público

[evva]

sexta-feira, março 20, 2009

A propósito do artigo de VPV hoje no Público

Caso se decida pela leitura destas linhas, agradeço que em primeiro lugar leia o artigo que Vasco Pulido Valente escreveu hoje na sua coluna habitual do Público.

Pela segunda vez desde que me lembro, um Papa, em visita ao continente Africano, afirmou estar contra o uso do preservativo, o que alguns como eu consideram um tremendo acto de crueldade.
Acontece, que a propósito disto me lembrei de uma conversa com amigos e família tida já há alguns anos atrás. Não me lembro do assunto, mas sei que a certa altura alguém disse que a convicção do Álvaro Cunhal em relação às virtudes do comunismo podia sofrer de muitos defeitos mas a verdade é que sem essa convicção o PC, provavelmente, não teria futuro.
A vida de quem defende princípios e convicções não é nada fácil, sobretudo quando o faz com conhecimento e experiência e, ainda pior, quando o faz num contexto em que nem as ideias nem as convicções abundam. Eu respeito a posição do Papa mas só posso fazer uma coisa perante ela: estar contra.
Contudo, não posso deixar de admirar todos aqueles que ainda acreditam que há coisas na vida mais importantes do que férias, casa, carro ou internet. São os princípios, esses palermas que tornam a nossa vida tão mais difícil mas sem os quais a vida parece perder uma parte importante do seu significado. É curioso não é?


André

Para onde vai a nossa (des)educação







evva


evva

Subscrevo!


 Habla usted portunhol?

Habla usted portunhol?


Já é constrangimento o sentimento dominante de quem tem que falar do actual Ministério da Educação. Lurdes Rodrigues e a sua inimaginável dupla de secretários de Estado, mais a famosa DREN, tornaram-se, com efeito, uma verdadeira mina para os jornais e para o anedotário educativo. E cronistas pouco imaginosos como eu têm a estrita obrigação de, no final do seu mandato, lhes deixar uma eternamente grata coroa de flores no assento etéreo onde subam (ou desçam, pois não se vê que possam subir mais, mesmo num Governo PS).

Agora é o secretário Valter Lemos substituindo-se às universidades e "profissionalizando" como professor de Espanhol qualquer diplomado em outro curso de línguas (e até em Antropologia ou Sociologia…) que se disponha a receber umas luzes de Espanhol simplex tipo Novas Oportunidades, talvez até por correspondência ou, quem sabe?, por fax. De uma penada, e por portaria, o secretário de Estado revoga o decreto-lei 43/2007 e a propalada "exigência" na formação dos professores e contribui para o enriquecimento curricular do Básico e Secundário com mais uma disciplina, o Portunhol.


A propósito de um "post" anterior, fica aqui o prometido desenvolvimento da questão aí abordada. Remeto igualmente para a nota oficial que a Associação de Professores de Espanhol Língua Estrangeira, emitiu a este respeito. Não importa de quem são as palavras: quando dizem o que sentimos/pensamos, são nossas!

Sónia

terça-feira, março 17, 2009

segunda-feira, março 16, 2009

O melhor anúncio dos últimos tempos...



(fotografia do Paulo)

Sónia



evva

Agora que as Autárquicas se aproximam


evva


P.S.: Surripiado daqui, com agradecimento especial ao Reverendo Bonifácio.

Às vezes, é preciso chuva



Para a Dalila, pelo seu aniversário.

evva

Segunda-feira

Pode ser que também chova amanhã. Não é que faça grande diferença mas sempre é mais alguma coisa. Um motivo de conversa, ou então pra desconversar, dizer mal da vida e do tempo.

Sendo assim a velhinha que encontrei ontem no jardim é capaz de não sair. Ainda se constipa, e agora que enviuvou não dá jeito ficar doente.

Lá se vão os encontros com as amigas.

E os passeios nos jardins.

O pessoal das biclas, esses nem com a chuva param. Com aqueles coletes amarelo florescente.
Tadinhos…
Para cima e para baixo, sempre a pedalar. Como o português daquele filme de desenhos animados.
A roupa vai ficar molhada, pra variar. Já nem vale a pena perder mais tempo com o assunto. Com tanta teimosia nem a paciência aguenta. Sabia bem ver chover no lago. Os patos agarradinhos uns aos outros, parados, a apanhar com a chuva na cabeça.
Mas ia estar muito frio. E pr'além disso não sou pato.
Se chover o palerma vai continuar mal disposto, com aquela telha que anda a carregar há mais de um mês. Já não dá pr'aturar mais. A amizade não dá pra tanto.
Se chover mesmo muito, talvez a consciência não chame tanto a atenção prá inutilidade destas últimas semanas. E sempre haveria mais tempo pr'acabar de ler esse livro insuportável e ficar enjoado de tanto ver séries no computador.

Mas enfim… pode ser que faça sol.


André

domingo, março 15, 2009

antes longe que depressa...

"Segundo os sindicatos e não desmentido por ninguém, nesta sexta-feira mais de 200 mil manifestantes desceram em festa a Avenida da Liberdade num belo dia de sol. A maior manifestação de sempre, dizem. 
Uma vez mais se cumpriu o dia da manifestação da Primavera. Eu estive presente, como sempre, não por considerar que sejam importantes para alcançar resultados ou defender direitos, mas por aquilo que poderia representar o não lá estar. Desconfio dos resultados porque não acredito que baste desfilar numa avenida, mesmo que esta se chame liberdade, fazer uns discurso, gritar umas palavras de ordem e voltar calmamente a casa para mudar seja o que for. A realidade mostra que estas “lutas” para defender ou protestar nunca impediram a perda daquilo que não se queria perder. Basta ver o código de trabalho para se ter um bom exemplo. Nestas manifestações tira-se mais a “pressão à panela” que se coloca pressão sobre os governantes. Eu acredito na necessidade de se ser mais “duro”, de fazer exigências e exigir que sejam cumpridas sob a ameaça de se radicalizarem mais as lutas. Não ameaçando com mais manifestações ou um dia de greve para mais tarde, mas com greves mais longas e duras que paralisassem o país. Isso iria exigir sacrifícios de todos nós, para alguns enormes sacrifícios, mas nenhuma luta se ganha sem eles, sem determinação e sem confiança numa vitória final.Bastava que nos mostrassem que a “guerra” era para ganhar que os sindicatos, como nossos “generais” não aceitariam compromissos, “memorandos”, ou desistências e comprometendo-se a ir até ao fim. Tudo é possível de ser feito. Não temos de nos acomodar a um “fado” que esteja traçado e impossível de mudar. Há alternativas, há outras formas de organização social, outras maneiras de vivermos as nossas responsabilidades no nosso destino. Podemos fazê-lo, basta que haja a vontade. Estarão os sindicatos dispostos a isso ou vão continuar a preferir fazer mais uns passeios sazonais pela avenida?"



Subscrevo totalmente o primeiro segmento destacado a negro, mas não o resto. Repudio particularmente o tom de quem fala "do alto da sua razão" e o tom de distância  e gozo relativamente "aos sindicatos" ("eles, os sindicatos... num belo dia de sol..., em passeios sazonais..."). Também nunca gostei de generais, nem sequer fui muito com fardas, mas se tiver que alinhar, prefiro soldados rasos e milicianos... No autocarro onde eu ia, ninguém voltou calmo para casa, fomos e viemos inquietos, a pensar e debater a luta, a escrever documentos, a agendar reuniões sindicais, a prepará-las... isso não nos impediu de dar pelo sol ou de contar uma anedota e abraçar os amigos que só vemos nestas coisas. Ninguém (ou, pelo menos, ninguém que não seja muito ingénuo) lá  foi com a pretensão de que ia para Lisboa mudar tudo de uma vez por todas, nem sequer tenho a certeza de que vou ver no meu tempo de vida o resultado de eu ter lá ido, mas ir lá teve consequências e não ir, também. "Basta ver" o que se passou com as manifestações pelo subsídio de desemprego para os professores.
Desconfio muito destes gritos de "ou tudo ou nada" quando lançados ao vento, por muito válidos que sejam. Gritou-se por não entregar objectivos: não vou dizer que tudo o vento levou; pelo contrário... o vento agora traz daquela poeira que pica os olhos de quem não queria ver e acho isso bonito. Eu não entreguei e voltaria a não entregar, mas tenho dúvidas de que tenha sido a escolha mais eficaz. Não pretendo isolar-me de quem está comigo nesta luta e, gostando ou não, esses  são todos os que vivem comigo neste mundo. Não gosto dos que vão a correr para a frente chamar lentos aos que ficam para trás. Justiça seja feita, não sei o quanto (se algo) daquilo que digo se aplica a quem escreveu o texto em epígrafe: já deixei de me orientar para ele no segundo parágrafo. Seja como for, quem o escreveu esteve lá e isso vale o que vale. 

Sónia

(Com o meu agradecimento ao João pelo envio do texto e por me "picar" para responder estas coisas... Os destaques a negro são da responsabilidade dele. Ele que vos ature...)

Alain Bashung (1947-2009)

Há músicas, há vozes que nos ligam a lugares e experiências inesquecíveis. Quantas vezes trauteei Volutes, do álbum Osez, Joséphine quando fui aluna Erasmus em 1992-1993...

Mas a minha favorita de Alain Bashung é La nuit je mens:



On m'a vu dans le Vercors
Sauter à l'élastique
Voleur d'amphores
Au fond des criques
J'ai fait la cour a des murènes
J'ai fais l'amour
J'ai fait le mort
T'etais pas née
A la station balnéaire
tu t'es pas fait prier
J'étais gant de crin, geyser
Pour un peu, je trempais
Histoire d'eau

La nuit je mens
Je prends des trains
a travers la plaine
La nuit je mens
Je m'en lave les mains.
J'ai dans les bottes
des montagnes de questions
Ou subsiste encore ton écho
Ou subsiste encore ton écho.

J'ai fait la saison
dans cette boite crânienne
Tes pensées, je les faisais miennes
T'accaparer, seulement t'accaparer
d'estrade en estrade
J'ai fait danser tant de malentendus
Des kilomètres de vie en rose
Un jour au cirque
Un autre a chercher a te plaire
dresseur de loulous
Dynamiteur d'aqueducs

La nuit je mens
Je prends des trains a travers la plaine
La nuit je mens
effrontément
J'ai dans les bottes
des montagnes de questions
Ou subsiste encore ton écho
Ou subsiste encore ton écho.

On m'a vu dans le Vercors
Sauter à l'élastique
Voleur d'amphores
Au fond des criques
J'ai fait la cour a des murènes
J'ai fais l'amour
J'ai fait le mort
T'etais pas née

La nuit je mens
Je prends des trains a travers la plaine
La nuit je mens Je m'en lave les mains.
J'ai dans les bottes des montagnes de questions
Ou subsiste encore ton écho
Ou subsiste encore ton écho.
la nuit je mens...

Au revoir, Bashung!

evva

Uma semana de luta

"Fim de semana para ganhar coragem..." 



Cordão Humano de 7 de Março (FENPROF)




Manifestação Nacional de 13 de Março (CGTP-IN)

(Fotografias de Paulo Duarte)




A Vida É Feita De Pequenos Nadas

(Sérgio Godinho)

(Segunda-feira  trabalhei de olhos fechados
  na terça-feira
  acordei impaciente
  na quarta-feira  vi os meus braços revoltados
  na quinta-feira  lutei com a minha gente
  na sexta-feira  soube que ia continuar
  no sábado  fui à feira do lugar
  mais uma corrida, mais uma viagem
  fim-de-semana é para ganhar coragem)
   Muito boa noite, senhoras e senhores
  muito boa noite, meninos e meninas
  muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
  enfim, boa noite, gente de todas as cores  e feitios e medidas
  e perdoem-me as pessoas  que ficaram esquecidas
  boa noite, amigos, companheiros, camaradas
  a vida é feita de pequenos nadas
  a vida é feita de pequenos nadas

   Somos tantos a não ter quase nada
  porque há uns poucos que têm quase tudo
  mas nada vale protestar
  o melhor ainda é ser mudo
  isto diz de um gabinete
  quem acha que o casse-tête
  é a melhor das soluções
  para resolver situações  delicadas
  a vida é feita de pequenos nadas

   E o que é certo  é que os que têm quase tudo
  devem tudo aos que têm muito pouco
  mas fechem bem esses ouvidos
  que o melhor ainda é ser mouco
  isto diz paternalmente
  quem acha que é ponto assente
  que isto nunca vai mudar
  e que o melhor é começar
 a apanhar  umas chapadas
  a vida é feita de pequenos nadas
   (Segunda-feira  trabalhei de olhos fechados
  na terça-feira  acordei impaciente
  na quarta-feira  vi os meus braços revoltados
  na quinta-feira  lutei com a minha gente
  na sexta-feira  soube que ia continuar
  no sábado  fui à feira do lugar
  mais uma corrida, mais uma viagem
  fim-de-semana é para ganhar coragem)
   Muito boa noite, senhoras e senhores
  muito boa noite, meninos e meninas
  muito boa noite, Manuéis e Joaquinas
  enfim, boa noite, gente de todas as cores  e feitios e medidas
  e perdoem-me as pessoas  que ficaram esquecidas
  boa noite, amigos, companheiros, camaradas  a vida é feita de pequenos nadas
  a vida é feita de pequenos nadas

   Ouvi dizer que quase tudo vale pouco
  quem o diz não vale mesmo nada
  porque não julguem que a gente  vai ficar aqui especada
  à espera que a solução
  seja servida em boião
  com um rótulo: Veneno! 
 é para tomar desde pequeno 
 às colheradas
  a vida é feita de pequenos nadas
  boa noite, amigos, companheiros, camaradas
  a vida é feita de pequenos nadas.


Sónia

(tomando a liberdade de organizar livremente o texto)


Já faltou mais


evva



P.S.: Daqui.

"Contra factos não há argumentos"

"Bom e Muito Bom à Serafim Leite"

Este foi o título de um artigo publicado pelo jornal labor (edição on-line de 26 de Fevereiro), relativo ao Relatório de Avaliação Externa da Inspecção-Geral de Educação. Publico-o aqui com autorização do autor. 

O relatório concluiu alguns “pontos fortes” e alguns “pontos fracos”. Citando o artigo, “como pontos fracos, a débil articulação curricular entre departamentos, o insucesso a Português e Matemática no 9º ano e a Desenho no 12º ano e a fraca participação dos pais no processo educativo”. "Pontos Fortes" e "Pontos Fracos" lá serão. Importa é saber a quem pertencem...

Por qual razão será a “fraca participação dos pais” entendida como um “ponto fraco” da escola, com efeitos na sua “avaliação externa”? Esse não será antes um “ponto fraco” dos pais, com efeitos nos "resultados" dos seus educandos?

O insucesso nos exames, sendo necessariamente um "ponto fraco" da prestação dos alunos, já não será, necessariamente, um "Ponto Fraco" da prestação das escolas ou, concretamente, da actuação dos professores, até porque nem todos os examinandos de uma escola são alunos dessa escola. Embora relacionáveis, é incorrecto estabelecer uma relação de causalidade directa entre "classificações" e "prestação do serviço educativo" - uma coisa indicia mas não determina a outra e, se assim fosse, também seria aceitável, por exemplo, avaliar o trabalho da polícia pela quantidade de assaltos...

É importante considerar que a qualidade da prestação do serviço educativo é mais determinada pela política educativa do que pelo esforço empenhado dos professores ou pela pertinência pedagógica das dinâmicas definidas nas escolas. Se os "maus resultados" dos alunos fossem sinónimo da "má prestação" dos professores nunca haveria "maus resultados". Porque incomodam os pais e os governos, porque não são fáceis de assumir e, principalmente, porque não trazem quaisquer benefícios para os professores, os "maus resultados" merecem um crédito distinto dos "bons resultados" - nesses sim, há muitos interesses...

A “avaliação externa” das escolas poderá ser “externa” à escola mas não será “externa” ao Ministério da Educação porque é concretizada por um dos seus serviços – a IGE (Inspecção-Geral de Educação). Portanto, apesar de a “avaliação externa” abraçar propósitos como a “auto-avaliação” e a “correcção das práticas”, não será correcto ignorar que essa “avaliação externa” também tem outro fim – o doseamento das menções “Muito Bom” e “Excelente” que a escola poderá atribuir aos professores, independentemente do mérito que tenham – as “quotas”.

Esta “avaliação externa”, à semelhança do próprio modelo de avaliação do desempenho dos professores, instrumentaliza os resultados dos alunos para ilibar as responsabilidades de governação, relacionáveis com esses mesmos resultados. A “avaliação externa” de um serviço, quando determinada por regras e objectivos de quem tutela o próprio serviço, não será credível nem consistente . Lá será “Externa”, mas não “Independente”.

Convenha dizer-se que, com “quotas” tão baixas, a excelência dos professores portugueses fica refém do custo dessa “excelência” e não do mérito que tanto se pretende. O que dizer de um Sistema Educativo que só reconhece o mérito que pode pagar? Este é um “ponto fraco” que relevo para o Sistema Educativo português e, sobretudo, para as políticas educativas que o deformam, porque um país que esconde parte do mérito que tem, terá apenas a parte do mérito que reconhece e "contra factos não há argumentos".

Paulo Duarte

http://www.labor.pt/index.asp?idEdicao=172&id=8483&idSeccao=1790&Action=noticia

sexta-feira, março 13, 2009

Muchas vaguias




É fartar, vilanagem!


evva


quarta-feira, março 11, 2009

A vida na Bélgica é uma seca

Sobretudo nas autoestradas. Por isso é melhor fazer a festa..



Graças ao clip que o seu irmão gravou Iulian Breazu (23) já é uma estrela na Roménia, na Bélgica no entanto, o ministro de mobilidade vai pedir de levar o jovem dançarino para o tribunal.

Wouter

MayDay

Acção de divulgação do MAYDAY Porto 2009 - a força da nossa voz


Quinta-feira, 12 de Março, Praça da Batalha, 17h30

Na próxima quinta-feira, a força da voz dos precários vai sair à rua.

(daqui)

Sónia

segunda-feira, março 09, 2009

Casar com um ingles dá porrada todo o mês

Que pena o nosso Cardeal não ter tido acesso a estas estatísticas publicadas no "The Times" antes da sua 'homilia' do Casino Estoril:


Women should be hit for wearing sexy clothing in public, one in seven believe


One in seven people believe it is acceptable in some circumstances for a man to hit his wife or girlfriend if she is dressed in “sexy or revealing clothes in public”, according to the findings of a survey released today.

A similar number believed that it was all right for a man to slap his wife or girlfriend if she is “nagging or constantly moaning at him”.

The findings of the poll, conducted for the Home Office, also disclosed about a quarter of people believe that wearing sexy or revealing clothing should lead to a woman being held partly responsible for being raped or sexually assaulted.

Although a majority of 1,065 people over 18 questioned last month believe that it is never acceptable to hit or slap a woman, the poll found that those aged 25-39 were more likely to consider that there were circumstances in which it was acceptable to hit or slap a woman.

Men and women over 65 and those in the lower social class groups D and E are more likely to believe that woman should be held partly responsible for being raped or sexually assaulted, Ipsos Mori telephone poll found.

Jacqui Smith, the Home Secretary, said: “Violence against women and girls is unacceptable in any form no matter what the circumstances are.”


Joana

Manifesto



Sónia

sexta-feira, março 06, 2009

Uma questão de tamanho...


... ou mais exactamente de proporção...



Esta manhã, o programa da RTP1 "Bom dia Portugal"  encerrou da seguinte forma uma reportagem sobre o uso do "soutien" adequado: "dia 8 de Março é Dia Internacional da Mulher!" Foi uma associação, no mínimo, extremamente infeliz e, no máximo, talvez reveladora de uma mentalidade que associa o feminismo com a queima de "soutiens" ou que reduz as reivindicações feministas a este tipo de questões. 
Os direitos das mulheres ainda não cresceram tanto que já precisem de "redutores"... 

Sónia

quarta-feira, março 04, 2009

Nada como uma canjinha...

(foto de marin_tanya no Flikr)

Quentinha a fumegar... Sabe tão bem com o frio que faz agora! Cá fica a sugestão, para abrir o apetite e com os votos de rápidas melhoras, para um amigo, vítima das "forças negras" que se uniram para o deixar de cama com febre...
A minha solidariedade!

:-)

Sónia

terça-feira, março 03, 2009

Freud explica



Alguma professora de Espanhol por aqui para explicar este típo de lapso?

Wouter

Esplendor no cimento



Mais que "mascota"(esp.), ele é "musa inspiradora" : O Kilas...

Sónia

segunda-feira, março 02, 2009

Ainda o Caramel

Há já algum tempo, escrevi esta crítica sobre "Caramel" com a intenção de a publicar num blog dedicado aos estudos feministas. No entanto, o texto nunca chegou a ser publicado, creio eu por se ter orientado mais para a divulgação de encontros científicos do que para a crítica cinéfila. Como tal, não vejo qualquer problema em publicar o texto aqui. Caso ele venha a aparecer no outro blog, está a ressalva feita.

O açucar das raparigas


Caramel, a primeira longa metragem de Nadine Labaki, apresentada no Festival de Cannes em 2007, e que é o primeiro filme libanês a chegar a um público alargado, permite-nos encontrar um Líbano diferente daquele a que nos acostumaram a televisão ou os jornais. Ao contrário da maior parte dos filmes produzidos nas décadas de 80 e 90 do século passado, cuja temática girava em torno da Guerra Civil (1975-1990) e sobre as suas repercussões, Caramel não procura revisitar o passado conturbado nem focar problemas puramente políticos que ainda persistem, mas sim revisitar o dia-a-dia de pessoas comuns, com a particularidade de centrar a sua atenção no universo feminino. O título do filme e o genérico ao reportarem-se à preparação da substância comunmente usada para a depilação no Oriente, diz ao espectador: “este filme vai falar de mulheres!” O título árabe reforça essa indicação, já que “Sukkar Banat”, para além de designar a mistura depilatória, significa à letra “Açucar das raparigas”.
O filme narra a(s) história(s) de cinco “doces” mulheres que se encontram no salão de beleza “Si Belle” (de notar a homofonia com Cibele, a Magna Mater da Ásia Menor, com poder sobre a natureza e a fertilidade) em Beirute: Layale (Nadine Labaki), esteticista, vive uma relação com Rabih’, um homem casado, mas tem como pretendente Joseph (Adel Karam), um polícia de trânsito; Nisrine (Yasmine al Masri), cabeleireira, perdeu a virgindade com um homem que não é aquele vai desposar em breve, Rima (Joanna Moukarzel), com a mesma profissão, sente-se atraída por mulheres. Jamale (Gisèle Aouad), cliente habitual do salão, mostra dificuldades em lidar com o envelhecimento. Perto do salão fica o atlier de Rose (Sihame Haddad), costureira, que vive com uma irmã mentalmente instável, Lili (Aziza Semaan).
Apoiado num argumento bem-disposto (é pena que muitos dos momentos engraçados do filme advenham da linguagem utilizada pelas personagens e por isso se percam na tradução), com momentos felizes intercalados com acontecimentos menos felizes, o filme reflete sobre as tensões com que as mulheres libanesas lidam no seu quotidiano e que advêm da dificuldade em conjugar os deveres para com as estruturas tradicionais da sociedade – a família, as convenções sociais - com os seus desejos individuais: Rose tem de abdicar do amor para continuar a cuidar da irmã, Layale e Nisrine temem, pelo seu comportamento, envergonhar a família. Nisrine prefere recorrer a uma himenoplastia do que confrontar o noivo e a família com a sua trangressão. O discurso que a mãe de Nisrine lhe faz na noite anterior ao casamento sobre aquilo que a espera, revela o contraste geracional e cultural entre ambas. A cirurgia devolve-a ao espaço ideal da virgindade mas trata-se apenas de uma virgindade corporal, já que emocionalmente a experiência sexual de Nisrine não pode ser apagada.
A tentativa de enganar o tempo como forma de se adequar às convenções sociais tamém é visivel na personagem de Jamale, ao fingir ainda tem ciclos menstruais. É a prova de fertilidade que lhe assegura o lugar na juventude que procura: A sequência de cenas em que as mulheres se juntam para apanhar o ramo no casamento de Nisrine é intercalada com a ida de Jamale à casa de banho, para criar essa ideia. Só depois Jamale se junta ao grupo de mulheres que espera o ramo, as jovens as que ainda podem casar. O casamento – que no contexto libanês significa o espaço social onde o amor pode existir – tem coordenadas temporais circunscritas. E parece mais fácil enganar a passagem do tempo do que remar contra a norma social.
A família é pois um impedimento para a realização pessoal não apenas no que toca às relações sentimentais, mas também no que diz respeito à possibilidade de a mulher decidir livremente sobre a sua imagem: Antes de chegar a casa dos pais do noivo, Nisrine adopta um visual mais conservador; a bela mulher a quem Rima sugere um corte de cabelo ousado evoca a oposição da família para não o fazer; e a mulher de Rabih’ mantém a cor do cabelo inalterada por desejo do marido.
Numa sociedade em que a esfera pública é apenas o lugar de confluência de espaços privados, o espaço público torna-se hostil aos encontros entre pessoas de sexos opostos cuja relação não é socialmente oficial: Nisrine e o noivo são interpelados por um polícia pelo simples facto de conversarem sozinhos na rua à noite; no dia de aniversário de Rabih’, Layale procura um hotel para passarem a noite, mas apenas consegue um quarto numa pensão frequentada por prostitutas, já que os hotéis ditos “respeitáveis” só acomodam casais.
Mas o espaço não comparece apenas como lugar adverso às personagens: o salão de beleza é o lugar que une todas essas mulheres, espaço vedado em princípio aos homens. Contudo Joseph, o pretendente de Layale, entra nesse espaço e prova o agridoce “Sukkar Banat”: sorri, por finalmente se aproximar da mulher por quem suspira ao mesmo tempo que deixa escapar uma lágrima de dor quando Layale lhe depila as sobrancelhas. A sua presença física no filme contrasta com a ausência do amante de Layale, que nunca chegamos a ver, como se essa inexistência visual indicasse que a relação que mantém com Layale se faz mais de ausências do que presenças. Layale acaba por vingar-se de Rabih’ na pessoa da mulher, Christine, ao depilá-la de uma forma intencionalmente dolorosa.
A homossexualidade feminina é abordada através da história de Rima: a sua aparência andrógina pode até ser considerada masculina, quando comparada com as restantes personagens femininas: é a única a usar calças e a única a ter o cabelo curto e a não se maquilhar. A realizadora preocupa-se em mostrar o olhar intenso com que observa outra mulher no autocarro, e a cumplicidade que estabelece com uma anónima e bela cliente para mostrar suas preferencias sexuais. O retrato-cliché de Rima pode resultar não tanto de uma visão estereotipada da lésbica, mas talvez de uma estratégia de enunciação que indicia de forma não explícita um comportamento sexual não consensualmente aceite pela sociedade.
No desenlace, Caramel reconduz as personagens transgressoras a um lugar que obedece ao statu quo social: Layale abandona o amante, Nisrine re-torna-se virgem e Rose esquece o seu pretendente. Só a mulher amada por Rima – que sob o seu anonimato pode simbolizar a mulher libanesa - decide cortar o cabelo. Tradição ou modernidade, qual prevalecerá? A opção depende do optimismo de cada espectador.

Joana

domingo, março 01, 2009

Understanding british press readers



In "Yes, prime minister" from the BBC


André