Na esteira de Aristófanes
(daqui)
O movimento juvenil da oposição russa "Nós" decidiu utilizar o Dia dos Namorados para protestar contra a política do Governo chefiado por Vladimir Putin, recorrendo à "greve de sexo".
Tal notícia sugere-me os seguintes comentários:
- Em algumas coisas sou purista: política é política; negócio (refiro-me ao dia de S. Valentim) é negócio. Assumindo a minha ignorância sobre este caso em concreto, acho que reivindicações que se pretendem sérias talvez não devessem colar-se a tradições tão questionáveis como esta.
- Em algumas coisas sou muito conservadora, por muito que reivindiquem novas formas de luta. Entre uma greve de sexo e uma greve "à antiga" integrada nas relações de trabalho, continuo a preferir a última opção. Não contem comigo para estas "modernices" ;-), e já agora, dado o meu baixo índice de massa corporal, não me venham cá com greves de fome ;-). E também não me venham falar em greve de sono: sou professora e como tal, já durmo pouco que chegue... :-(
- Noutras coisas, sou muito pouco conservadora: a notícia apenas menciona grevistas mulheres. Bem sei que o clássico de Aristófanes tratava exclusivamente a revolta das mulheres, mas os tempos são outros: as mulheres também estão nas instâncias de poder e já ninguém duvida que uma greve de sexo por parte dos seus parceiros as incomodasse tanto ou mais... Além disso, quem me garante que a orientação sexual dos membros homens do Executivo de Putin é em todos os casos heterossexual? Reafirmando ainda as minhas raízes feministas, por que razão os sacrificados (falo dos grevistas) têm que ser só mulheres...?
- Depois de expor todas as minhas reservas sobre esta iniciativa de protesto, gostava de comentar a própria notícia. Confronte-se o que é dito sobre a inspiração desta greve no texto clássico com o que é dito acerca do mesmo na Wikipedia. Fico à espera de uma justificação para a inexistência de aspas ou para não recorrer a fontes mais autorizadas. "Jornalistas de todo o mundo", tranquilizem-me por favor!
Como sugestão de despedida, vão namorar, hoje e sempre!
Sónia
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