sábado, fevereiro 14, 2009

Na esteira de Aristófanes


Uma notícia de hoje da Lusa informa do seguinte:

O movimento juvenil da oposição russa "Nós" decidiu utilizar o Dia dos Namorados para protestar contra a política do Governo chefiado por Vladimir Putin, recorrendo à "greve de sexo".

Tal notícia sugere-me os seguintes comentários:

  1. Em algumas coisas sou purista: política é política; negócio (refiro-me ao dia de S. Valentim) é negócio. Assumindo a minha ignorância sobre este caso em concreto, acho que reivindicações que se pretendem sérias talvez não devessem colar-se a tradições tão questionáveis como esta.
  2. Em algumas coisas sou muito conservadora, por muito que reivindiquem novas formas de luta. Entre uma greve de sexo e uma greve "à antiga" integrada nas relações de trabalho, continuo a preferir a última opção. Não contem comigo para estas "modernices" ;-), e já agora, dado o meu baixo índice de massa corporal, não me venham cá com greves de fome ;-). E também não me venham falar em greve de sono: sou professora e como tal, já durmo pouco que chegue... :-(
  3. Noutras coisas, sou muito pouco conservadora: a notícia apenas menciona grevistas mulheres. Bem sei que o clássico de Aristófanes tratava exclusivamente a revolta das mulheres, mas os tempos são outros: as mulheres também estão nas instâncias de poder e já ninguém duvida que uma greve de sexo por parte dos seus parceiros as incomodasse tanto ou mais... Além disso, quem me garante que a orientação sexual dos membros homens do Executivo de Putin é em todos os casos heterossexual? Reafirmando ainda as minhas raízes feministas, por que razão os sacrificados (falo dos grevistas) têm que ser só mulheres...?
  4. Depois de expor todas as minhas reservas sobre esta iniciativa de protesto, gostava de comentar a própria notícia. Confronte-se o que é dito sobre a inspiração desta greve no texto clássico com o que é dito acerca do mesmo na Wikipedia. Fico à espera de uma justificação para a inexistência de aspas ou para não recorrer a fontes mais autorizadas. "Jornalistas de todo o mundo", tranquilizem-me por favor!  
Como sugestão de despedida, vão namorar, hoje e sempre!

Sónia

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