sexta-feira, março 20, 2009

A propósito do artigo de VPV hoje no Público

Caso se decida pela leitura destas linhas, agradeço que em primeiro lugar leia o artigo que Vasco Pulido Valente escreveu hoje na sua coluna habitual do Público.

Pela segunda vez desde que me lembro, um Papa, em visita ao continente Africano, afirmou estar contra o uso do preservativo, o que alguns como eu consideram um tremendo acto de crueldade.
Acontece, que a propósito disto me lembrei de uma conversa com amigos e família tida já há alguns anos atrás. Não me lembro do assunto, mas sei que a certa altura alguém disse que a convicção do Álvaro Cunhal em relação às virtudes do comunismo podia sofrer de muitos defeitos mas a verdade é que sem essa convicção o PC, provavelmente, não teria futuro.
A vida de quem defende princípios e convicções não é nada fácil, sobretudo quando o faz com conhecimento e experiência e, ainda pior, quando o faz num contexto em que nem as ideias nem as convicções abundam. Eu respeito a posição do Papa mas só posso fazer uma coisa perante ela: estar contra.
Contudo, não posso deixar de admirar todos aqueles que ainda acreditam que há coisas na vida mais importantes do que férias, casa, carro ou internet. São os princípios, esses palermas que tornam a nossa vida tão mais difícil mas sem os quais a vida parece perder uma parte importante do seu significado. É curioso não é?


André

7 comentários:

Esplendor disse...

Mon très cher ami,
que saudades das nossas longas conversas. Não podia estar mais de acordo contigo nesta matéria, o Papa não fez mais do que ser fiel aos seus princípios.

bisou

evva

Esplendor disse...

André,
O artigo está apenas disponível para assinantes, não o consegui ler on-line, mas já o havia feito em suporte papel, será que não podes colocá-lo aqui na íntegra?

Merci!

evva

Sónia Duarte disse...

Convicção é uma coisa; teimosia outra...
Mais que uma questão de fé, a prevenção da sida é matéria da ciência e a atitude científica aconselha partir da experiência para a teoria. Eu aconselharia o Papa a experimentar... Há inúmeras marcas no mercado. Em tempos, pessoas que não são de lançar boatos, até me disseram que o Vaticano estava ligado a uma dessas marcas... Convinha investigar...

Esplendor disse...

Que feio, Sónia!
A menina, que não é de lançar boatos, acaba de lançar um aqui mesmo, baseado no 'ear saying', tenha vergonha!
O Papa, e a religião que prega, propõe um caminho alternativo de purificação, baseado na monogamia e na abstinência sexual, exceptuando para fins de procriação. Quem tiver fé e quiser pautar-se por tal que o siga. Os outros, os que não estão para aí virados, por que o criticam? Está mais do que provado que o preservativo não protege a 100%, mesmo como contraceptivo (o último caso de gravidez adolescente na escola onde trabalho deveu-se a um preservativo que se rasgou, ou, melhor dizendo, a duas crianças a quererem brincar aos adultos sem maturidade para tal), qual o problema de sugerir uma moral alternativa?

evva

norma disse...

Neste caso (como em outros) estou contente por não ter nada que ver com essa igreja.

Joana

Sónia Duarte disse...

O problema é quando a "moral alternativa" traz riscos para a saúde pública. O problema é que não sendo o preservativo 100% eficaz no que se refere a uma gravidez indesejada continua a ser o melhor método preventivo das doenças sexualmente transmissíveis. O problema é que não sendo o preservativo totalmente eficaz do ponto de vista contraceptivo, o Papa, não propõe um método alternativo. A abstinência não é um método contraceptivo, como também não o é o aborto. São, respectivamente, o contrário do sexo e o contrário da reprodução. Eu cá proponho como moral alternativa à do Papa, não meter a moral de cada um na cama de todos. Perdoa-me evva, mas este senhor não sabe do que fala...

Esplendor disse...

«O problema é que não sendo o preservativo 100% eficaz no que se refere a uma gravidez indesejada continua a ser o melhor método preventivo das doenças sexualmente transmissíveis»

Verdade? E a abstinência estóica?

«O problema é que não sendo o preservativo totalmente eficaz do ponto de vista contraceptivo, o Papa, não propõe um método alternativo»

Ai propõe, propõe. Não se fiem nos títulos bombásticos da imprensa, leiam o que o Papa escreve.


«este senhor não sabe do que fala...»

Será?! Parece-me que a Igreja Católica tem feito mais em África pela prevenção e acompanhamento dos doentes com sida do que a OMS e muitas ONGs.
O Público refere inclusive, numa das suas últimas edições, que a Igreja Católica custeou um estudo alargado sobre o problema da transmissão do virus HIV em África, vou procurar o artigo.
evva