domingo, julho 30, 2006

Acabei de ler Orientalismo…



Desde que, por alturas do 11 de Setembro, soube da existência deste livro, através de uma entrevista com o autor no Público, que me ficou a vontade de o ler. Hoje terminei-o.
É sempre um motivo de regozijo quando uma obra me põe a pensar sobre as coisas e sobre a sua origem. Essa é, para mim, a sua grande virtude. Porque não é apenas a complexidade do problema que se torna relevante mas também a metodologia utilizada que vai, ela própria, influenciar a leitura e compreensão da tese que se visa defender.

Não posso deixar de manifestar alguma raiva perante o facto de o autor deste livro se ver na necessidade de produzir uma obra tão extensa e tão profunda para tornar inteligivel uma ideia que fica, para alguns, clara logo nas primeiras páginas. Não porque não seja necessário faze-lo mas porque só assim se consegue ser respeitado num ambiente onde as ideias dominantes são diferentes daquelas que o livro defende.

Resumindo e concluindo, é como se, para contrariar um discurso tão simples como o de George Bush em torno do "Eixo do Mal", um intelectual nos dias de hoje, tivesse que escrever um livro de 400 páginas em torno das assumpções que estão detrás da política externa americana em geral, e desta administração em particular. E porque bombardear a Casa Branca está fora de questão.

andré


PS: Para os que se sentem à vontade no inglês, recomendo esta edição de 2003 da Vintage Books que tem um novo prefácio do autor e mantém o epílogo de 1994. De qualquer forma, o livro foi editado em português pela Cotovia em 2004.

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