sábado, julho 01, 2006

cavalarias

Num fim de tarde em que os sorrisos abundam, aproveito a alegria que também sinto (grande, grande, grande Ricardo!!!!!!!) para começar a fazer o balanço anual. Como sou professora, costumo começar a colocar as venturas e desventuras do ano nesta altura em que o calendário lectivo também chega frenéticamente ao fim.

A ventura às vezes conduz-nos para encruzilhadas que nos apresentam aventuras difíceis, sobretudo se o nosso percurso cavaleiresco se parece afastar cada vez mais da Távola Redonda.
Como Perceval, sentimo-nos a deambular pela floresta, frustradas por não termos acedido ao enigma, sem ânimo para regressar para junto dos que sentimos nossos.
Vemo-nos rodeados por Florestas da Serpe, no meio da Terra Gasta, e às tantas perdemos o rumo que queriamos dar ao nosso morzelo... Não sabemos, como Boorz soube, responder aos nossos dilemas. Porque são dificeis, mas sobretudo porque mexem connosco. Com o brilho que temos nos olhos. Por amor de um ideal, em serviço de uma causa e de um, ainda, nobre cavaleiro, percorremos lagos ferventes. fontes enganadoras, enfrentámos falsas Genevras e donzelas diabólicas. E hoje, numa encruzilhada, sentimos falta do nosso leal companheiro. Como o nobre Galeote, caímos do nosso cavalo porque os nossos pensamentos nos doem demais para vermos a carreira em que seguimos.
Suplicamos a Lancelot, embora tentando disfarçar a nossa coita, que continue a partilhar venturas na nossa corte. Não raptamos genevras, nem oferecemos reinos grandiosos. mas estamos dispostos a prescindir de sono, a percorrer viagens desgastantes, até a convencer o resto da nossa mesnada com palavras eloquentes. Mas a Távola Redonda não admite cavaleiros estrangeiros. Faltar-nos-á o baptismo de Palamedes? Não sei.
Sei que me sinto muito só e cada vez mais longe do graal. Cada vez com mais provas da espada ao meu alcance. cada vez com menos partilha.
cada vez com menos tempo.
Só uma das pessoas deste blogue entenderá, suponho, esta prosa enredada. E estou certa de que a sentirá como sua. Ainda que, tendo partido hoje em mais uma demanda em que eu, por estar longe da corte dos eleitos, não estive, se tenha esquecido de um relato, com o fizera Boors, seu antigo cavaleiro. Ainda que a Távola Redonda se fique pelo elogio dos meus feitos, mas não faça sequer um esforço que dê a entender que o meu lugar na Távola não se transformou na seda perigosa.
E estou em muitas encruzilhadas. E hoje vou resolver uma delas. Deixo este blog, para sempre, com esta longa prosa, porque não faz sentido. Porque o tempo já é tão pouco. Porque sentimos longe os sorrisos. Os brindes que não fizemos. Só a voz cndescendente que nos diz. Nós compreendemos. Mas que eu esperava ouvir, como dantes, vem. Sem ti é diferente.
Com este egoísmo volto a embrenhar-me nas outras escolhas, estas mais dificeis. E requerem noites de descanso, ponderação e algum consilium. Ou então esperar um sinal de um cavaleiro Branco que nos desvende a narrativa nestas carreiras enredadiças.
Isabel Sofia

1 comentário:

Esplendor disse...

Tenho pena.
Ao blog fazem falta pessoas com palavras simples.
Mas a vida é mesmo assim. Não há quase nada pior do que um desapontamento em relação aos que gostamos. Espero que haja espaço para a redenção. Creio que o houve em todas as histórias épicas que conheço.

Boa sorte
andré