Contraditório
"O cardeal D. José Saraiva Martins defendeu que o casamento entre pessoas do mesmo sexo «não é normal» e não permite às crianças ter uma educação normal."
O celibato também não é normal ("conforme a norma; a regra", in Dicionário Houaiss) e não vejo a Igreja Católica a protestar... Também não serei eu a partir para essa luta: desde que se respeitem os outros, cada um deve fazer (ou não fazer) o que acha melhor.
"À semelhança de um aviso idêntico feito há um mês pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Saraiva Martins aconselha «muita cautela e prudência» neste ponto [casamento com muçulmanos],manifestando total acordo com D. José Policarpo."(idem)
Por que razão restringir o aviso no que se refere aos muçulmanos? Em minha opinião seria melhor dizer "cuidado com quem se casam", "cuidado com as más companhias". E já agora, não seria mais coerente/justo alertar também os muçulmanos e muçulmanas que cá vivem, para os perigos que correm com, por exemplo (e apenas a título de exemplo...), a intolerância religiosa e a violência doméstica resultante do abuso do álcool? Na verdade, gente perigosa, mal formada, fanática ou com problemas há em todo o lado... Não é preciso ir muito longe.
Sónia
2 comentários:
Com a segunda reflexão, concordo totalmente. Bons e maus há em todo o lado (pronto, lá vem outra vez o cliché).
Com a primeira, concordo parcialmente.
Não tenho nada contra a união de homossexuais nem que tenham os mesmos direitos. Posso mesmo dizer que sou a favor. Quanto a chamar-lhe "casamento", tenho algumas dúvidas. É apenas uma questão semântica. Apesar disso, não acho que seja muito relevante.
A esse propósito, deixo aqui pares de um comentário que escrevi noutro blog: http://lux-aeterna-alfarodix.blogspot.com/2009/01/casamentos.html
(...)
Também acho que esse casamento não seria (note-se o seria) necessário se a sociedade fosse mais madura e tolerante (como dizes). Eu digo algumas vezes que o casamento é um "estado de espírito e uma atitude perante uma relação". Isso é o que eu considero o verdadeiro casamento. Agora pergunto, quantas pessoas (casadas e não só) encarariam o casamento (se não passasse por um acto formal) como uma responsabilidade acrescida? Mais, se o casamento implicasse apenas duas pessoas acho que seria quase irrelevante. São adultos e, em princípio, responsáveis. Mas, e o resto? Os compromissos que assumem em conjunto, onde um dos principais talvez sejam os filhos?
Em tom de desabafo, permite-me, como eu gostaria que nenhuma criança precisasse de protecção adicional (pela lei, casamento, ou qualquer outra) para além dos laços afectivos provenientes da paternidade/maternidade.
Daqui deriva o resto... Não sou contra a adopção de crianaçs por casais homossexuais. Com toda a certeza serão melhor tratados num lar de um casal homossexual, com amor e serenidade, que na frieza de algumas instituições. No entanto, se o mundo fosse "um lugar melhor", não haveria essa necessidade. Se todos os progenitores fossem responsáveis (sou utópico?) cada criança (porque é biologicamente gerada por um casal heterossexual) teria o conforto e acolhimento nessa relação. E não estou a dizer que o sexo é só para procriar... Defendo o sexo também pelo prazer, mas quem o pratica deve ser responsável e assumir todas as consequências.
Para mim a questão não está efectivamente em discutir o casamento entre homosexuais (que, no entanto, é o que é focado na notícia da TSF), mas a igualdade de direitos numa sociedade em que o casamento existe.
Sobre o casamento em si, a discussão é mais complicada... Parecendo ser uma questão do foro íntimo, no fundo, não o é. É-o a relação afectiva entre as pessoas, mas os termos do contrato, a regulamentação legal, etc... essa é uma questão do domínio público. Defendo uma situação em que o plano íntimo e o público não se misturam: em que a sociedade acautele os direitos de todos (adultos e menores) independentemente da sua situação familiar/afectiva. Refiro-me aos direitos básicos que asseguram uma existência digna e saudável (tanto do ponto de vistam físico, como psicológico (emocional) e social. Isso põe em causa o apoio às familias, aos casados... mas não às pessoas e, desse modo, não há interferências nem julgamento quanto às opções de cada um. Se são homosexuais, bisexuais, heterosexuais, casadas, divorciadas, bígamas, poliândricas, celibatárias e/ou um conjunto de possibilidades que eu nem sequer consigo (ainda) imaginar... isso não deve limitar para nada o seu direito e o daqueles com quem se envolvem à protecção social.
Relativamente ao casamento religioso, escapa a estas considerações: resulta da coerência com a fé de cada um e na crença na validade dos sacramentos. Desde o meu ateísmo, compreendo-o perfeitamente.
Sónia
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