«O menino menos zeloso
– Professora, eu não consigo perceber por que motivo tenho menos um valor do que o Rui. Afinal, tivemos exactamente os mesmos resultados nos testes, nos trabalhos e na participação…
– Mas não na assiduidade, Jorge. O Rui nunca faltou e o Jorge tem cinco faltas.
– Justificadas, professora, todas justificadas. Faltei dois dias pela morte do meu avô e os outros três porque torci um pé na aula de Educação Física. O médico obrigou‑me a descansar três dias, até me passou um atestado…
– Não me interessa. Se tivesse ouvido o meu superior hierárquico, o Secretário de Estado, como eu ouvi, saberia muito bem que o importante é ter faltado, não interessam as razões, não interessa quem morreu, nem se torceu o pé ou partiu a perna ou entortou o pescoço. As palavras do meu superior hierárquico, o Secretário de Estado, que eu ouvi com toda a atenção, como sempre faço em relação aos meus superiores hierárquicos – e o menino devia fazer o mesmo –, foram absolutamente claras: para todos os efeitos, quem faltou foi menos zeloso do que quem não faltou. Por isso, não quero saber da morte do seu avô nem do pé torcido nem da unha encravada. Vai ter menos um valor do que o Rui e ponto final.»
João Paulo Sousa, no Da Literatura.
Quantas vezes terá faltado o menino Sócrates, desde que iniciou funções? Reuniões partidárias, jornadas do grupo parlamentar, daquela vez que partiu o pé na estância de esqui... Não é também Funcionário Público? Tirem-lhe as férias, se faz favor.
evva
P.S.: E, já agora, ponham-no a dar umas aulinhas numa escola pública, em par pedagógico com a Lurdinhas e os secretários. Ah... a licenciatura não é reconhecida pela Ordem dos Engenheiros, oops...
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