domingo, março 18, 2007

Tem toda a razão.

Num ambiente extremado, sabe bem ouvir uma opinião equilibrada. Extracto da coluna de Daniel Sampaio, este domingo, na Pública:

"Segundo equívoco: os relatos confundem sempre indisciplina com violência. Temos em Portugal um gravíssimo problema de indisciplina em meio escolar, que não pode ser confundido com a ideia de que a escola portuguesa é sede sistemática de violência (na esmagadora maioria das nossas escolas não há violência). A indisciplina é frequente e deriva, em geral, de causas bem diferentes. Apontemos algumas: 1) insegurança familiar na transmissão de regras e incapacidade de muitos pais para utilizarem uma dose adequada de frustração como ingrediente essencial na educação dos filhos, delegando na escola essa tarefa; 2) falta de autoridade de professores, por desvalorização social do seu papel e exagero conferido aos “direitos” dos mais novos; 3) programas escolares sem articulação entre si, extensos, dispersos por um número excessivo de disciplinas; 4) salas de aula com poucos materiais, sem utilização de novas tecnologias, com professores a insistirem em métodos expositivos, em prejuízo de uma prática pedagógica que transforme a turma num grupo de trabalho cooperativo; 5) ausência de uma liderança forte em muitas escolas, diluída num Conselho Executivo (que nome...) em que as funções de cada um não são claras; muitas escolas são raras as reuniões dos Conselhos de Turma para a definição de estratégias comuns para lidar com a indisciplina; 6) fracasso das intenções de autonomia verbalizadas por professores e tutela: predomina o discurso paradoxal em que o Ministério não confere verdadeira autonomia e as escolas, nos poucos sectores onde ela existe, não se sente capaz de a pôr em prática; 7) pouca participação de alunos e pais em questões onde seria importante ouvir a sua opinião, como é o caso da indisciplina."
(…)
"Concordo que a agressão a um professor seja crime público: o efeito dissuasor dessa medida pode ser significativo. Importa, no entanto, perceber que só se obtêm respostas a questões complexas através da análise sistémica de todas as variáveis em jogo, na busca permanente de respostas integradas."

Srs/as professores/as, Sr.ª Ministra, vamos lá pensar um bocadinho.

andré

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