quarta-feira, janeiro 30, 2008

Hoje só me apetece almoçar



Encarregados de Educação.

Vejamos:

Uma grupo de alunos integra uma visita de estudo de duas horas ao Planetário (fica perto, vá lá). Regressando à escola cerca das 16h30, acham por bem indignar-se por a Directora de Turma os obrigar a assistir às restantes aulas da tarde. Numa dessas 'actividades de distracção e ocupação dos educandos' (parece-me ser o termo mais adequado para designar uma 'aula', tal a forma como adolescentes e respectivos Encarregados de Educação as entendem hoje em dia), uma esperteza saloia decide sacar da máquina fotográfica digital e, à socapa, toca a fotografar a aula. Directora de Turma finge que não vê (afinal são só 45 minutos e há que aproveitar a minoria interessada em aprender qualquer coisa), mas murmura com os seus botões "no final da aula conversamos".

Quando tocou, decido chamar a criatura que já me havia chateado a paciência no início da aula para me mostrar as fotos da Visita de Estudo e finjo-me interessada. Lá estão as fotos comprometedoras (ao menos poupou a professora). Dando cumprimento ao Regulamento Interno da Escola, apreendi a arma do crime, a qual só pode ser levantada pelo Encarregado de Educação. O passo seguinte foi exactamente contactá-lo. Atende-me o pai, escandalizadíssimo com o sucedido. «E olhe que já convoquei há duas semanas, via Caderneta Escolar, o Encarregado de Educação para tomar conhecimento de uma participação disciplinar de Matemática, e há mais recados na Caderneta por assinar». Como trabalha à noite e só podia dirigir-se à escola depois do Carnaval, acedo recebê-lo na Escola no dia seguinte, pela hora de jantar, essa refeiçãozinha inócua que os professores do Ensino Secundário não estão autorizados a disfrutar nos últimos tempos.

Corro para a reunião de grupo disciplinar que havia começado às 18h30, durante a qual sou alertada para os protestos de uma Encarregada de Educação que exige falar com a Directora de Turma da filha, «que está para ali no paleio há não sei quanto tempo [eram nove menos tal da noite] e nunca mais se decide a sair da escola». Tudo termina com uma cena rocambolesca com o Grupo de Francês em peso a proteger-se das agressões da mãezinha [afinal, que raio de gente no paleio dentro da escola até àquela hora!?], que queria ao fim da força tirar satisfações da Directora de Turma (ainda fui empurrada e puxada pela senhora não sei quantas vezes).

Hoje à noite há mais uma sessão de 'paleio' até às tantas. Espero que o Encarregado de Educação apareça. Ou a maquineta da filha ainda acaba no e-bay. Quando é que saem as grelhas para avaliarmos os Encarregados de Educação?

evva


Cenas dos próximos capítulos: a história do menino, da mesma turma, que se recusou a assistir às aulas que lhe restavam no horário após ter regressado da visita de estudo e ultrapassou o limite de faltas permitido por lei. Responde-me o pai, do outro lado da linha: «Está-me a dizer que ele vai chumbar por faltas? E também me vai dizer o que vou fazer com ele em casa?».

2 comentários:

clarinda disse...

É muito importante que a gestão da escola tome uma atitude firme e decidida e que não se passe um pano sobre esta situação absolutamente vexatória para qualquer professor. Vá-se la´saber como aparecem estudos sobre a confiança nos professores. Um cúmulo! Toda a razão para o título do post.

Esplendor disse...

E jantar!! Sobretudo há que jantar, se essa é a refeição que os encarregados de educação dos teus alunos menos te respeitam!!!
Depois, há que, como se lê no anterior comentário, exigir respeito pelo trabalho da classe docente, mas por escrito. Há testemunhas das afirmações caluniosas da encarregada de educação? Pois então, que se abra um processo: protesto com entrada na secretaria, dirigido à Presidente do Conselho Executivo, para que convoque a senhora no sentido de se retratar. Ofendeu todo o grupo? Pois o grupo que assine.
A senhora não comparece ou ignora a censura da Presidente da Escola? Pois que, nos documentos internos da escola sobre avaliação de professores, na margem que ainda cabe às escolas nesse sentido, se defina que encarregados de educação com procedimentos levianos face à aprendizagem ou aos envolvidos na mesma não serão considerados nesse processo.
Dá muito trabalho? Pois, para a próxima pede as ajudas de custo a que tens direito pela visita de estudo e já não haverá nem visita, nem o depois da visita para te dar todos estes problemas.
Fica com a minha solidariedade e indignação!

Sónia

(Ah! e sindicaliza-te, que, para além das razões mais evidentes para isso, se as coisas andam neste pé, com encarregados de educação destes, mais tarde ou mais cedo, dá-te jeito o apoio jurídico.)