Por estas e por outras é que nunca faço greve
«A Ministra e a Fenprof
Na SicNotícias, ao fim da noite, a ministra da Educação lá veio dizer que não chamou incompetentes a todos os professores, nem os acusou de serem os principais ou os únicos responsáveis pela situação actual do ensino.
Na SicNotícias, ao fim da noite, a ministra da Educação lá veio dizer que não chamou incompetentes a todos os professores, nem os acusou de serem os principais ou os únicos responsáveis pela situação actual do ensino.
Em entrevista ao mesmo canal, António Avelãs, dirigente da Fenprof, acaba de anunciar que a atitude normal do seu sindicato é negociar. Como prova deste princípio, está convocada uma greve a exigir a demissão da ministra, porque o projecto de estatuto é... inegociável.
E quando será implementada esta inovadora, criativa forma de luta?
Fantástica coincidência: dia 14.
Precisamente 4ª feira, dia 14, aquele dia que ali estava, a meio da semana, a estragar as mini-férias de 13 a 15!
Está ganha a semana, com apenas dois dias de trabalho, para a malta de Lisboa, e três para o resto do país. (Talvez não fosse má ideia uma greve para exigir a instituição do 13 de Junho como feriado nacional).
Abençoado seja o Sindicato, que tanto zela por nós, sofredores!
É assim que a Fenprof defende os interesses dos professores?
É assim que contribui para dignificar a imagem da classe?
É esta uma postura responsável e séria, de diálogo e negociação?
É esta a melhor forma de pugnar por uma escola de qualidade?
Considera injusta a criação de duas categorias na carreira, mas acha que não vale a pena negociar.
Acha que o novo estatuto é um subterfúgio para poupar dinheiro ao orçamento de Estado, mas entende que não serve como base negocial.
Julga necessária a avaliação dos docentes, mas não com base neste documento de trabalho.
Então, o que é que negoceia? E com base em quê?
Quem nos leva a sério, com sindicatos destes?E como vamos sair daqui, sem ninguém disponível para aceitar que o erro não é só do outro?
Sobre a actual situação, pergunto:
Como chegámos a este modelo de avaliação de professores, onde todos são suficientes?
Quem esgalhou este sistema de formação contínua, com acções de formação em Tapetes de Arraiolos, ou em Danças de Salão, a contar para a progressão na carreira?
Que voz tiveram os professores na retirada da sua autoridade na sala de aula, engolida pela panaceia burocrática dos procedimentos disciplinares?
Quem decidiu que o aluno podia aprender, e ter sucesso escolar sem esforço, nem trabalho, nem responsabilidade?
Quem convenceu os pais de que ir à escola era só um direito, e não um dever?
Quem esvaziou de verdadeiro sentido os órgãos de gestão intermédia das escolas, atacando-os de reuninite aguda?
Quem não percebeu que uma escola obsecada pela projectite crónica perde de vista os alunos, e fica sem tempo para se debruçar sobre o essencial, que são eles, a sala de aula, as aprendizagens, ou os materiais didácticos?
Quem nos conduziu até aqui?
Os sindicatos e sucessivos Ministérios da Educação (com uma ajudinha da Confederação de Associações de Pais) têm trabalhado afincada e meticulosamente, ao longo dos anos, para nos deixar neste estado.
Sendo assim, e já que estamos em tempo de acusações, que cada um tome conta do seu quinhão, porque há dose para todos!
Até porque, neste momento, parece que ninguém tem culpa. Só se vislumbram vítimas:
Os pais, na sua condição de parceiros, são alvo do complexo de inferioridade dos professores;
Os professores, enquanto rosto da escola, são insultados pelo descontentamento dos pais;
A ministra, enquanto política, é acusada do falhanço passado e do fracasso futuro.
Com tudo isto, nem sei como é que consigo gostar da minha escola, prezar o meu trabalho, respeitar os alunos, dialogar com os pais, coexistir pacificamente comigo mesma, suportar as contrariedades, sobreviver e dormir em paz!».
evva
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