A propósito da participação Portuguesa nos JO de Pequim - II
Afinal não vai ser assim tão mau. Aliás, em termos de medalhas ganhas, até parece que esta vai ser das melhores participações em Jogos Olímpicos. Rosa Mota, Laurentino Dias (Sec. Estado do Desporto), e todos os portugueses até já têm razões para festejar aos saltos. E tudo por causa de uma simples medalha de ouro. Mas uma grande medalha. Num grande atleta!
A participações dos portugueses nos JO são quase sempre assim. Quando alguém ganha, o que não é frequente, somos os melhores. Quando alguém não ganha, o que é bastante frequente, não merecemos lá estar. Felizmente aparecem cada vez mais análises mais sensatas da nossa participação nos JO. Hoje, na sua coluna no Público, Miguel Gaspar escrevia: “até Obikwelu pediu desculpa pelo dinheiro gasto: mas o atleta a quem se exigia o ouro é pior pago do que um defesa-esquerdo de uma equipa da Liga de Honra de futebol. E 14 milhões é um terço do que custou em média cada estádio do Euro 2008, incluindo o prodigioso elefante branco construído no Algarve, que só abre quando o rei faz anos.” No jornal Record Gustavo Lima, ex-campeão do mundo, ex-vice campeão do mundo, e 4º classificado na competição de Laser (vela) nestes JO lamentava: "somos alvo de críticas e penso que a comunicação social tem um peso forte nisso porque só somos falados de quatro em quatro anos”.
A participação nos JO implica o trabalho de muitos atletas, treinadores, e dirigentes, e muitos deles não fazem (nem podem fazer) do Desporto a sua profissão. Por muito que nos custe, o máximo que a maioria dos atletas da delegação Portuguesa pode aspirar é chegar a uma final. Mais do que isso é, de facto, um acontecimento. Para se ser justo é necessário discutir os resultados em relação aos objectivos de cada atleta, e comparar as condições de preparação que nossos atletas têm em relação aos outros. Se isto nos envergonha ou nos dá muito trabalho, então é melhor pararmos de falar sobre o assunto, e deixarmos os atletas em paz.
andré
A participações dos portugueses nos JO são quase sempre assim. Quando alguém ganha, o que não é frequente, somos os melhores. Quando alguém não ganha, o que é bastante frequente, não merecemos lá estar. Felizmente aparecem cada vez mais análises mais sensatas da nossa participação nos JO. Hoje, na sua coluna no Público, Miguel Gaspar escrevia: “até Obikwelu pediu desculpa pelo dinheiro gasto: mas o atleta a quem se exigia o ouro é pior pago do que um defesa-esquerdo de uma equipa da Liga de Honra de futebol. E 14 milhões é um terço do que custou em média cada estádio do Euro 2008, incluindo o prodigioso elefante branco construído no Algarve, que só abre quando o rei faz anos.” No jornal Record Gustavo Lima, ex-campeão do mundo, ex-vice campeão do mundo, e 4º classificado na competição de Laser (vela) nestes JO lamentava: "somos alvo de críticas e penso que a comunicação social tem um peso forte nisso porque só somos falados de quatro em quatro anos”.
A participação nos JO implica o trabalho de muitos atletas, treinadores, e dirigentes, e muitos deles não fazem (nem podem fazer) do Desporto a sua profissão. Por muito que nos custe, o máximo que a maioria dos atletas da delegação Portuguesa pode aspirar é chegar a uma final. Mais do que isso é, de facto, um acontecimento. Para se ser justo é necessário discutir os resultados em relação aos objectivos de cada atleta, e comparar as condições de preparação que nossos atletas têm em relação aos outros. Se isto nos envergonha ou nos dá muito trabalho, então é melhor pararmos de falar sobre o assunto, e deixarmos os atletas em paz.
andré
3 comentários:
E para ter melhores condições de preparação dos desportistas portugueses de alta competição parece-me essencial, para além de falar de outro investimento e talvez de outro enquadramento profissional/legal, falar também da importância da educação desportiva e do desporto amador (palavra pela qual cultivo um carinho romântico, no sentido cultural da palavra).
Sónia
(PD: o detalhe do link para a notícia sobre a Rosa Mota aos saltos com o Secretário de Estado teve a sua graça...)
O desporto amador, que por acaso é o foco da minha investigação e de grande parte dos meus interesses académicos, é o grande legitimador do sistema desportivo actual. Não só porque ainda serve de base à organização do desporto mas também porque enquadra grande parte dos atletas que vemos, por exemplo, nos JO.
O desporto amador dos clubes e das associações desportivas voluntárias tem demonstrado ser igualmente importante para a coesão da vida comunitária e para a transmissão de valores tão importantes como a cooperação, a superação, o compromisso, e a disciplina.
Na minha opinião, qualquer discussão sobre a participação portuguesa nos JO terá de tomar em linha de conta este contexto. E além disso, deverá ter como referência a sua defesa e manutenção.
andré
Acabo de ficar curiosa por ler o que andas a escrever. Vê lá se partilhas a tua investigação sobre o desporto amador aqui pelo blog (de forma acessível, claro, a "amadores" como eu).
Se o Estado investisse mais no desporto e, já agora, na redução dos horários de trabalho (impossível dissociar as coisas...), desperdiçava menos nas despesas de Saúde e queixava-se menos do que gasta nos Jogos Olímpicos...
Sónia
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