terça-feira, abril 25, 2006

25 de Abril de 1974

Sem recorrer a opiniões mais ou menos credíveis de mais ou menos sumidades (sumidas ou a sumir-se...) para mim, mesmo correndo o risco de cair no cliché, hoje comemora-se a liberdade. A liberdade que se conquistou pelas mãos de homens e mulheres que estavam cansados de não poder falar, de não poder fazerloucuras, mais ou menos sérias, de não poder exigir salários justos, de não poder, se lhes apetecesse, sair do país. Homens e mulhers cansados de serem perseguidos só porque o vinho e o pão não lhes era suficiente. Porque acreditavam e criam em algo melhor. Melhor do que a bacoquice dos três Fs! Porque não acreditavam em padrões!
O que se fez ou faz hoje dessa liberdade é discutível. E ainda bem! Foi isso o 25 de Abril!!!! O tornar possível posts como o anterior e os comentários que lhe estão adjacentes.
Para mim, que não o vivi, mas que o sinto e respeito como um dia pleno de significado, o 25 de Abril é sinónimo de sonho, de construção. Claro que todos os sonhos e construções são imperfeitos... Mas ser sonho é sinónimo de pensamento, coisa que antes desta data não deveria passar disso mesmo: de pensamento escondido.
Claro que a seguir houve perseguições. O ser humano é mesquinho... anseia, pela sua natureza primária, vingança. Mas por mais cruel e injustificada que a violência da esquerda fosse, o que se chama à bacoquice (sim, repito o termo de propósito) pseudotirana do regime?
E quanto a brilhantes gestores, economistas e outras coisas acabadas ou não em istas, creio que ainda hoje se podem encontrar uns quantos... talvez menos escol, mas mais gente. Gente que quis falar, sonhar, bem ou mal não importa, mas que se recusou a ficar entorpecida
Por isso, hoje, colho um cravo vermelho e com muito, muito, muito orgulho escuto a grândola de lágrima no olho pelo profundo respeito que esta data me inspira. Porque me permite isso: sair à rua, com um cravo vermelho. Porque sou livre para o fazer.
25 de Abril, sempre!
Isabel Sofia

1 comentário:

Esplendor disse...

Não tenho dúvidas que o Estado Novo se tornou num regime bacoco, teve os seus momentos de autoritarismo e perseguição altamente injustificáveis e absolutamente censuráveis e que caiu de podre, mas recuso-me a endeusar e a comemorar o que se seguiu. Que foi muito mau. Ainda hoje pagamos com juros a quase bancarrota em que nos deixou.
Quanto à liberdade, essa foi conquistada quase a ferros num tal dia de Novembro, não em Abril.

evva