AMADEO MODIGLIANI & JEANNE HÉBUTERNE
amadeo:
certo dia, quando pintava o retrato de soutine e a mão deixara de me seguir, soutine disse-me:
- bebes para te matares.
e eu perguntei-lhe:
- e tu, soutine, o que te levou à tentativa de te enforcares?
saímos, depois, em silêncio para a rua. vimos o sena latejar sob as pontes e engolir as estrelas da imensa noite de paris.
jeanne:
soutine tinha razão. os anos passaram, não muitos, e amadeo tentara arranjar coragem para deixar de beber. foi inútil, e às vezes era violento - apesar de saber que eu nunca o abandonaria.
amadeo:
jeanne pressentiu que eu não precisaria de muito tempo para realizar a minha obra. sempre vivi como um meteoro.
soutine:
a 25 de janeiro de 1920, jeanne soube da morte de amadeo. refugiou-se num quarto em casa dos pais, num quinto andar. abriu a janela e saltou para junto dele.
Al Berto
["Olhar esvaziado como uma lâmina de vidro, não é de cegueira que se trata, mas da representação abstracta de um olhar introspectivo que se vira para o interior", disse a historiadora Helena de Freitas de um outro “Retrato de Jeanne Hébuterne”, mas que se aplica quase exemplarmente a todos os retratos que Amedeo Modigliani pintou da sua última musa.
certo dia, quando pintava o retrato de soutine e a mão deixara de me seguir, soutine disse-me:
- bebes para te matares.
e eu perguntei-lhe:
- e tu, soutine, o que te levou à tentativa de te enforcares?
saímos, depois, em silêncio para a rua. vimos o sena latejar sob as pontes e engolir as estrelas da imensa noite de paris.
jeanne:
soutine tinha razão. os anos passaram, não muitos, e amadeo tentara arranjar coragem para deixar de beber. foi inútil, e às vezes era violento - apesar de saber que eu nunca o abandonaria.
amadeo:
jeanne pressentiu que eu não precisaria de muito tempo para realizar a minha obra. sempre vivi como um meteoro.
soutine:
a 25 de janeiro de 1920, jeanne soube da morte de amadeo. refugiou-se num quarto em casa dos pais, num quinto andar. abriu a janela e saltou para junto dele.
Al Berto
["Olhar esvaziado como uma lâmina de vidro, não é de cegueira que se trata, mas da representação abstracta de um olhar introspectivo que se vira para o interior", disse a historiadora Helena de Freitas de um outro “Retrato de Jeanne Hébuterne”, mas que se aplica quase exemplarmente a todos os retratos que Amedeo Modigliani pintou da sua última musa.
Modigliani realizou um "trabalho obsessivo sobre o corpo da mulher, a partir do conceito de idealidade e de decifração de um enigma feminino". Artista de paixões e (des)encontros, alimentou "o mito do pintor boémio". Mas "não se limitava a pintar os seus modelos" - as mulheres tornam-se "imagens de devoção e, mesmo nas representações mais abstractas, percebe-se a intensa relação do artista com a ideia de modelo." A historiadora chama-lhes "fetiches de felicidade ou de plenitude".
Modigliani "atinge um nível de caracterização extrema da figura - o rosto da mulher é o resultado dessa síntese, tentativa de seleccionar linhas puras, contornos certos". O espaço de representação é "restrito e magnetizado por campos de cor intensos". E mais não é do que o "cenário de um jogo entre quem pinta e quem se deixa pintar".
Essa tensão "quase hipnótica" passa "intensamente" pelo olhos - "neste olhar esvaziado como uma lâmina de vidro, não é de cegueira que se trata, mas da representação abstracta de um olhar introspectivo e dominado, que se vira para o interior". Escreveu o pintor: 'A beleza tem seus direitos dolorosos: cria, porém, os mais belos esforços da alma'.
Essa tensão "quase hipnótica" passa "intensamente" pelo olhos - "neste olhar esvaziado como uma lâmina de vidro, não é de cegueira que se trata, mas da representação abstracta de um olhar introspectivo e dominado, que se vira para o interior". Escreveu o pintor: 'A beleza tem seus direitos dolorosos: cria, porém, os mais belos esforços da alma'.
Em 24 de janeiro de 1920, Modigliani morre no Charité de Paris, vítima de tuberculose. No dia seguinte, grávida de nove meses, Jeanne Hébuterne suicida-se. Uma grande multidão assiste ao funeral de ambos no cemitério de Père Lachaise.
A 11 de Maio de 2006 estreia o filme Modigliani , de Mike Davis, com Andy Garcia, Elsa Zylberstein e Omid Djalili.
evva]
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