domingo, abril 16, 2006

Splendor in the grass

"No nice girl feels like that."

Não me interessa se Elia Kazan foi ou não um delator, para mim há-de ser sempre um dos melhores realizadores do século XX. Basta olhar a sua filmografia e as obras-primas com que a 2: nos tem brindado aos sábados a horas tardias. Já rever East of Eden havia sido intenso, mas que dizer de Splendor in the grass, em que Natalie Wood tem em Deanie Loomis a interpretação da sua vida? Asolutamente arrebatador.

Alguém consegue esquecer aquele final em que Deanie recorda os versos de Wordsworth da Ode on the Intimations of Immortality?

"Though nothing can bring back the hour
of splendour in the grass,
of glory in the flower,
we will grieve not,
rather find strength in what remains behind."

E não resisto a evocar, uma vez mais, os versos que Ruy Belo dedicou a uma das mais belas e frágeis personagens do cinema.

ESPLENDOR NA RELVA

Eu sei que Deanie Loomis não existe
mas entre as mais essa mulher caminha
e a sua evolução segue uma linha
que à imaginação pura resiste

A vida passa e em passar consiste
e embora eu não tenha a que tinha
ao começar há pouco esta minha
evocação de Deanie quem desiste

na flor que dentro em breve há-de murchar?
(e aquele que no auge a não olhar
que saiba que passou e que jamais

lhe será dado a ver o que ela era)
Mas em Deanie prossegue a primavera
e vejo que caminha entre as mais

Ruy Belo, O Bosque Sagrado
(colectânea de poemas sobre cinema)


evva

P.S.: Não, não perdoo aos que sabiam que ele ia passar na 2: e 'esqueceram-se' de avisar, fazendo-me perder os primeiros 20 minutos de filme!

1 comentário:

Esplendor disse...

Oh… vá lá…
Perdoa…
Anda lá… não sejas assim…
Eu prometo não me esquecer na próxima vez…
Se me lembrar…

andré