segunda-feira, fevereiro 18, 2008

A propósito de Adele




Depois de ter andando grande parte da década de 80 à procura de um substituto para os Beatles (os Smiths andaram lá bem perto), parece que agora a demanda em Inglaterra anda centrada em torno da voz. Aquela voz que faz estremecer, apaixonar, enfim, que nos emocione profundamente. Ou talvez só quanto baste.

Lembro-me da Joss Stone, da Amy Winehouse, e outras devem ter aparecido com certeza, mas isso não interessa. Agora chegou a vez da Adele. Uma miuda com cara simpática, do sul de Londres, e que tem uma voz jeitosa e uma interpretação simpática. E pronto.
Passado o período de encantamento de Daydreamer, e após algumas escutas do álbum, 19, o melhor que consigo dizer é que fica bem como música de fundo quando recebemos amigos ou a namorada, e alguns dos temas servem muito bem para ouvir na rádio. Como para música de fundo tenho coisas melhores, fico-me pela rádio.

A indústria músical já há muito que percebeu que com uns bons arranjos se pode dar seriedade a quase tudo. O nosso Toni Carreira percebeu isso e a Madonna dá lições sobre o tema em cada álbum que faz. Daí que é hoje relativamente fácil passar para o público uma obra músical perfeitamente comum e banal, disfarçando-a com pós de seriedade. Este é mais um caso.
Há quem diga o mesmo da Norah Jones, embora eu não concorde inteiramente. Há também quem faça o mesmo juízo em relação aos Madredeus mas aqui eu só concordo com essa análise depois do Espírito da Paz e não antes.

Note-se que não há mal nenhum em coisas banais. O problema é quando elas são pretensiosas. Por exemplo, o primeiro álbum da Amy Winehouse faz bem juz ao título, Frank. As letras são giras e a música também. E é bem tocada. É comum mas vale por isso. Como muitos dos filmes de Hollywood que vemos nos cinemas com regularidade.
E também não há mal nenhum em ouvir a Adele. Mas é um pouco como as novas sandwiches do Mcdonalds. É a mesma coisa mas com outra roupa.
Daí que vou passar novamente à escuta da Ella Fitzgerald a cantar os diversos autores do American Songbook. Uma voz única que canta algumas das músicas mais banais que tive oportunidade de ouvir. Ou, para ser mais justo, música que fala de coisas banais. Mas de forma muito invulgar.

Quanto à demanda inglesa pela voz, só me apetece citar uma das letras da Adele:

Should I give up
Or should just keep chasing pavements
Even if it leads nowhere


andré

2 comentários:

Esplendor disse...

Conheces Isobel campbel?? (já não sei se é vai com um ou dois ll...).

Sónia

Esplendor disse...

Pelo que ouvi parece muito bonito mas não me atrai por aí além. Sinto o mesmo em relação aos Belle and Sebastian. Era gajo para ir ver um concerto deles mas é só.

andré