Dedicada à reunião de ontem
Com a minha desilusão e indignação perante aqueles para quem trabalho (leia-se "desilusão perante a entidade empregadora: o Ministério da Educação (ME)" e não "desilusão perante aqueles a quem ele se destina: os alunos"), aqui vai dedicada a letra desta canção do Sérgio Godinho, cuja lembrança agradeço ao Paulo:
Venho aqui falar
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e quanto mais eu penso mais eu cismo
como é que gente tão socialista
desiste de fazer o socialismo
é querer fazer arroz de cabidela
sem frango nem arroz nem a panela
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e quanto mais eu penso mais eu vejo
que esta grande obra de reconstrução
parece mas é uma acção de despejo
é como para instalar uma janela
atirar primeiro os vidros para a viela
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e penso e vejo de todas as cores
já libertaram pides e bombistas
deve ser para lá pôr trabalhadores
é como lançar cobras na cidade
e pôr dentro dentro da jaula a liberdade
Eu hoje venho aqui falar
duma coisa que me anda a atormentar
e vejo e de ver tiro conselho
aquilo que é mesmo reforma agrária
é para alguns o demónio vermelho
esses querem é ver anjos cor-de-rosa
entre Castro Verde e Vila Viçosa
Eu amanhã posso não estar aqui
mas também,
para o que eu aqui repeti...
é que eu não sou o único que acho
que a gente o que tem é que estar unida
unida como as uvas estão no cacho
unida como as uvas estão no cacho.
Será pertinente perguntar também, como se quer alguém arrogar abertura à negociação, quando depois de marcada uma reunião de agenda aberta, começa a "fechá-la", poucas horas depois, em declarações públicas prévias à mesma, negando a possibilidade de discussão da suspensão do modelo de avaliação.
Será pertinente perguntar também, como se quer alguém arrogar abertura à negociação, quando depois de marcada uma reunião de negociação, não aceita um único dos itens propostos pela Plataforma Sindical.
Será pertinente perguntar também, como quer alguém assegurar a sua credibilidade quando continua a insistir que até ontem os sindicatos não tinham apresentado qualquer proposta alternativa quando a mesma (a de fundo) estava disponível on-line desde Setembro no site da FENPROF e foi discutida com/nas escolas, com os professores, ao longo do primeiro período lectivo, contrariamente ao que aconteceu com o modelo do ME. Saudosos (em parte...) os tempos em que se pararam as actividades lectivas para discutir a proposta governamental do Modelo de Gestão e Autonomia, que recentemente caiu por terra...
Será pertinente perguntar também, qual a legitimidade de alguém que critica a proposta transitória por se resumir uma folha A4 e se centrar na auto-avaliação, quando esse é apenas um dos quatro eixos da proposta (disponível aqui) e quando essa proposta não difere substancialmente da resultante no ano passado entre ME e Plataforma Sindical, da qual, aliás, se vale o ME para argumentar da necessidade de não suspender a avaliação este ano, ao apresentar como precedente a avaliação realizada no ano transacto a uma parte do corpo docente.
Pode ser que a explicação seja do foro psicológico, como se arrisca no blog "Terrear", mas eu continuo a achar que é do foro ideológico (daí recuperar aqui a letra da supra-citada canção) e concordo com o que é dito no blog "Equilíbrios" sobre o facto deste tema merecer um tratamento sério e responsável. Isto sem menosprezo pelo trabalho de alguns humoristas que, muito séria e responsavelmente, denunciam o que deve ser denunciado, recuperando assim o papel dos bobos de Corte medievais que, noutros tempos, se valiam dessa condição para criticar o que a outros não era permitido. Desses tempos não tenho eu nenhumas saudades!
Sónia
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