segunda-feira, dezembro 15, 2008

Prefiro sete


Chegou-me por e-mail (Obrigada mais uma vez, João!) um post do blog De Rerum Natura.  O texto em questão equaciona os factores que, entre muitos outros, se destacam como "centrais" para a qualidade do ensino, resumindo-os a seis. Apesar de concordar com a generalidade do que aí se afirma eu não concordo com a não consideração entre estes do factor social, precisamente porque não concordo com que o processo educativo seja perspectivado de forma isolada e despolitizada (no sentido mais puro da palavra original). Não há qualidade de ensino quando o aluno dorme na sala por ter acordado às seis para atravessar a serra para ir à escola; não há qualidade de ensino quando o aluno não ouve o que o professor lhe diz porque o estômago lhe grita por pão ou o frio lhe chega aos ossos, não há qualidade de ensino quando o aluno gasta o tempo de estudo a ajudar os pais ou quando o aluno desperdiça as férias num trabalho sem contrato; nem quando o professor faz quilómetros e quilómetros para chegar à escola passando quase tanto tempo na estrada como a ensinar ou quando tem de acumular horários em escolas diferentes com horários diferentes, critérios diferentes, projectos educativos diferentes, numa esquizofrenia comum - infelizmente - a muitos colegas; não há qualidade de ensino quando os livros são demasiado caros para o orçamento das famílias ou quando o aluno não tem o acompanhamento dos pais que, divididos entre dois empregos, saem e entram em casa quando os  filhos já estão a dormir . Não há qualidade de ensino quando muitos vivem assim e uns poucos vivem como deve de ser!

Sónia

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