segunda-feira, fevereiro 27, 2006

ANDAR DE AVIÃO


Gosto muito de andar de avião. Mesmo muito.

Pensava que era pelas imagens. Para alguém fascinado pelas nuvens, estar ao lado delas é como estar em casa. E para quem anda com a cabeça no ar, estar no mesmo sítio onde a cabeça costuma estar é sem dúvida confortável.
Ainda não sei se prefiro ver um céu com ou sem nuvens. Ver a terra do ar é como uma imagem de satélite ou uma daquelas plantas de arquitectura paisagística. Mas as nuvens têm formas incríveis e sempre diferentes.
Mas já não passo assim tanto tempo a olhar para fora e o tempo a bordo é cada vez mais utilizado para ler, ouvir música, dormir ou até trabalhar.

Gosto muito de tudo o que tem a ver com andar de avião. Acho os aeroportos fascinantes. Quanto maiores são mais eu gosto deles. O movimento, as pessoas, a complexidade, os aviões, a luz, as mangas. É tudo muito diferente do nosso dia-a-dia.
O problema é que não conheço tantos aeroportos como gostaria e, para quem descola do Porto, Frankfurt torna-se uma passagem tão frequente que começa gradualmente a perder a piada. Ainda não conheço Heathrow nem o JFK, passei pelo Charles de Gaulle a correr e acho que vai demorar até ir aos alucinantes aeroportos asiáticos de Singapura, Tóquio ou Hong Kong.

Desculpem mas acho muita piada ao serviço de comida a bordo por muito fraco que seja. A Lufthansa tem uns copos de plástico muito elegantes, uma comida simpática e vinhos que se conseguem apreciar. Por isso não acho piada à Ryanair. Mas o que é que isso interessa quando se paga 50 euros por uma viagem a Paris?

Gosto da emoção da descolagem e da aterragem e fico com um sorriso completamente infantil quando, já no ar, vejo um avião a passar perto do meu. Esta situação não muito comum permite-nos apreciar melhor a velocidade e dá uma imagem estranha de um corpo imperceptivelmente suspenso no ar.

Mas o que mais me agrada é a sensação de sair e de me encontrar a seguir num sítio diferente. O facto de o fazer através de aviões e aeroportos só reforça ainda mais o meu fascínio de estar quase sempre no ar. A imaginar.

andré

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