sábado, fevereiro 04, 2006

A Caricatura somos nós

Aceitar que sejam questionadas certas coisas não nos deve impedir de aceitar que haja quem não permita que tal aconteça.
Mas para isso temos de alterar a nossa ideia peregrina de que somos mais evoluídos para aceitarmos que somos apenas diferentes.
A polémica dos cartoons só existe porque quem se insurgiu nos mete medo. Se tal não acontecesse nem sequer pensávamos que, com a nossa liberdade de expressão, podíamos estar a oprimir alguém.
A publicação dos cartoons em jornais de referência é legítima e estou disposto a defender o direito de uma pessoa a fazê-lo. Mas é simultaneamente uma verdadeira estupidez pois é uma tentativa de demonstrar a superioridade de uma cultura. O mesmo que o Sr. Bush quer fazer com o Iraque e com o Médio Oriente em geral. Esta pode não ser a perspectiva de quem fez ou publicou os cartoons mas é uma perspectiva que cada vez mais tem de ser tida em conta.
O mundo em que vivemos aumentou no tamanho e na diversidade. Creio que precisamos de parar para pensar um pouco.

andré

PS: pode ser que agora se comece a entender um pouco melhor o 11 de Setembro.

PS2: alguém me pode explicar porque é que só agora estalou a polémica de uns cartoons publicados em Setembro?

3 comentários:

Esplendor disse...

Totalmente de acordo com o que dizes acerca dos cartoons, daí a minha indecisão em publicá-los por aqui. Acabei por optar pelos menos 'ofensivos'.
Bisou

evva

Anónimo disse...

Se somos apenas diferentes, porque é que há por aí tanta indignação em relação à forma como as mulheres são tratadas na cultura àrabe? Se somos apenas diferentes, porque é que achamos perigoso que o Irão venha a ter armas nucleares? Se somos apenas diferentes, porque é que havemos de nos indignar com as torturas, a censura, as chicotadas e as execuções públicas? Qual é o problema em relação à mutilação sexuakl feminina? Qual é o problema em relação à destruição dos Budas gigantes?Somos apenas diferentes. Aceitemos, então, todas essas diferenças.

Esplendor disse...

É a corrente fundamentalista que abusa dos direitos da mulher, não a religião em si nem o seu profeta.
Lamento, mas perigoso é haver armas nucleares, e não apenas no Irão. Se as quiser tentar eliminar da Índia e do Paquistão, e já agora da China e da Rússia, conte desde já com a minha ajuda.
Todos somos contra as torturas e tudo mais, mas a responsável não é religião muçulmana e sim de alguns fundamentalistas. Aliás as restantes religiões teriam muito a contar acerca da tortura.
Eu só estou a dizer que, como estamos numa comunidade global com sistemas de valores distintos, temos de nos tentar entender, e isso exige responsabilidade na defesa das nossas opiniões. Como fazer isto é o nosso verdadeiro desafio.