sexta-feira, novembro 14, 2008

Mãe à beira de um ataque de nervos

Palavras de uma mãe

«Estive esta semana, na qualidade de representante dos encarregados de Educação, numa reunião intercalar da turma da minha filha mais velha, que frequenta o 10º ano numa escola pública . Cansada do trabalho, pq a reunião se realizou ao fim do dia, fiquei impressionada com a fragilidade do corpo docente desta turma. Professores empenhados e que têm dado provas sistemáticas de trabalho mto para além das suas obrigações legais. Gd parte dos professores entrou na reunião não mais de 5 min, dp de ter tocado para a saída. Chegaram esbaforidos, carregados de papelada e ainda a arrumar o material da aula q tinham acabado de leccionar. As olheiras eram bem visíseis e percebi que gd parte deles já tinha reunido de manhã bem cedinho, tinham tido aulas durante o resto do dia e ali estavam para dar e receber informações sobre os seus alunos. Percebi que uma das professoras tem mais de 160 alunos, mas fez um esforço suplementar para corrigir os testes, de forma a já ter informações concretas para dar na reunião. Mostrava gd preocupação com os casos de menor sucesso da turma, mas apresentou 1 plano de recuperação mto bem elaborado e exequível. No final da reunião confessou-me que o q a segura é preservar a qualidade do ensino e zelar pelo melhor interesse dos alunos. Esta professora, que é só 1 exemplo entre muitos, explicou como se tenta desdobrar entre a enorme sobrecarga de trabalho a que está sujeita e os seus 3 filhos, tb em idade escolar. Para ser sincera fiquei com receio (pq esta docente está a fazer 1 bom trabalho) que ela não resista até ao fim do ano. Essa sensação repetia-se no olhar triste e desanimado de mtos outros professores. Como psicóloga apercebi-me que esta classe foi realmente bombardeada com ataques em todas as frentes. Percebi que o trabalharem para os alunos é feito com grande entusiasmo, é todo o trabalho burocrático que os asfixia e o problema da avaliação passa mto por aí e pela sensação de grande injustiça que os avassala. Informada de todas estas questões, indignada com este novo estatuto dos alunos (sobretudo no q diz respeito ao regime de faltas) e pq admiro a maior parte dos professores que conheço fui ao Conselho Executivo e consegui inscrever-me para estar ao lado dos professores dos meus filhos dia 8, o que farei com a consciência que estou a ensinar aos meus filhos que devem sp lutar pelo q é justo e mostrar solidariedade. Não sou ingénua ao ponto de pensar que tudo está perfeito no sistema de ensino. Estou à beira de 1 ataque de nervos, pq percebo q tudo o q está a ser feito é 1 tentativa de denegrir o ensino público (ao qual eu e a minha família devemos gd parte do q somos e sabemos) e sobretudo um achincalhar de 1 classe profissional que me merece enorme respeito. Isto n quer dizer q nós, enc. de Educação nos calemos qd nas escolas algo n está bem. Devemos conversar, tentar chegar a 1 entendimento e batermo-nos pela escola pública de qualidade a q temos direito. Isso consegue-se indo à escola, conversando com os intervenientes neste processo e ficando do lado da razão. Quem está devidamente informado terá que ficar do lado dos professores e contra o ME, pelo bem dos nossos filhos e da sociedade em geral. Dia 8 lá estarei!

Por mãe à beira de 1 ataque de nervos, Coimbra.»

No PÚBLICO on-line.



evva

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