quinta-feira, dezembro 04, 2008

Sur les bombes

Há um antes, um durante e um depois com “Sur les bombes”.

Há um antes. Sabemos que aquilo que vamos ver já as televisões mostraram dias a fio no verão de 2006, as conversas com os organizadores do festival e com o produtor do filme, os momentos que antecedem a projecção de qualquer filme, um tossicar aqui e ali, o murmúrio para o amigo ali ao lado, o pôr-do-sol artificial das luzes como que a embalar-nos para o sonho.

Há um durante, para o qual acordamos desse processo mecânico com imagens reais do bombardeamento como se levássemos um balde de agua fria. Casas transformadas em ruína, bombas que se multiplicam em explosões e destroem uma e outra e outra vez o que já está destruído. Um som que faz estremecer cadeiras do cinema e o nosso coração. Uma mulher, vinda do estrangeiro, procura com a ajuda do taxista que a transporta, o filho e a irmã no sul do Líbano, por cidades entupidas de refugiados, crianças sem pais, pais sem crianças, por estradas desfeitas, mosteiros isolados, aldeias reduzidas um amontoado cinzento de escombros, Sour, Saida, Naqoura, Qlaya, Marjayoun, Nabatiyeh, Qana, e tantas outras.

E um depois. Sobre o qual não quero falar.



Joana