segunda-feira, maio 15, 2006

Foz do Douro, entardecer

Um casal octagenário caminha vagarosamente na direcção de um automóvel topo de gama estacionado na Avenida Montevideu. Curiosamente, ambos se dirigem para o lado do condutor, ele à frente, lento, curvado, ela logo atrás, vertical e um sorriso suportando o peso dos anos.
Ele abre-lhe delicadamente a porta para que ela se sente no lugar do condutor e com dificuldade contorna a viatura e senta-se no lado oposto. Já não tem carta, pensámos, é ela que conduz. Mas ele, mesmo debilitado, ainda insiste na delicadeza natural de abrir-lhe a porta. Gestos que se perderam no infortúnio dos tempos, respondi. Palavras largadas ao vento da tarde.
evva

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