segunda-feira, maio 08, 2006

Lição de grego II

MAR DA MANHÃ

Que eu me detenha aqui. E que também eu contemple um pouco a natureza.

De um mar da manhã e um céu sem nuvens
cores azuis brilhantes e margem amarela, tudo
belo grande iluminado.

Que eu me detenha aqui. E me iluda a ver isto
(sim, por instantes o vi, quando aqui parei)
e não aqui também meus devaneios,
recordações, imagens de volúpia.

Kavafis (1915), sempre ele.

É um dos mais belos poemas de Kavafis. Lembrei-me hoje dele ao folhear as fotos de mais um excelente site dedicado ao Porto. A tradução é muito livre, mas quando há tempos foi publicado no Abrupto despoletou uma das mais interessantes polémicas que até hoje foi dado observar na blogosfera. Aqui fica o original, para os puristas e os que amam a língua.
ΘΑΛΑΣΣΑ ΤΟΥ ΠΡΩΙΟΥ
Εδώ ας σταθώ. Κι ας δω κ’ εγώ την φύσι λίγο.
Θάλασσας του πρωιού κι ανέφελου ουρανού
λαμπρά μαβιά, και κίτρινη όχθη· όλα
ωραία και μεγάλα φωτισμένα.
Εδώ ας σταθώ. Κι ας γελασθώ πως βλέπω αυτά
(τα είδ’ αλήθεια μια στιγμή σαν πρωτοστάθηκα)·
κι όχι κ’ εδώ τες φαντασίες μου,
τες αναμνήσεις μου, τα ινδάλματα της ηδονής.
evva
P.S.: Um dia destes quero ouvi-lo na língua de origem, sim?

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