Diz ainda o autor do artigo que os organizadores do congresso se pretendem aproveitar da presente crise económica para mostrar que o marxismo não está morto. E aqui entramos no domínio dos efeitos alucinantes da preguiça: com efeito, um pequeno esforço reflexivo ter-lhe-ia permitido concluir que um congresso com cerca de 150 comunicações, e investigadores de vários países, terá necessariamente implicado um processo de trabalho demorado. Talvez porque o Marx dos organizadores do congresso não seja o mesmo Marx de V.P.V., lamentamos não possuir os dons de adivinhação que nos teriam permitido prever, logo em 2007, a crise que agora surge. Entretanto, a nossa incapacidade de adivinhação permite ainda um último reparo. Afirma V.P.V. que o colóquio finge discutir Marx, quando, na verdade, discute a extensão do poder do Estado. Ora, aqui chegados, torna-se ainda mais claro que V.P.V. não sabe do que está a falar. Com efeito, um mínimo de conhecimento acerca de alguns dos conferencistas (e bastava "googlar" o nome dos dois conferencistas da primeira sessão plenária: Alberto Toscano e Paolo Virno) permitiria perceber que vários dos autores presentes não só não desejam a extensão do poder de Estado como pretendem inclusivamente pensar a política para além do Estado; que outros comunicadores, é verdade, defendem posições mais ou menos estatocêntricas; e que outros nem sequer abordam a questão do Estado, tendo sido justamente esta diversidade de propostas e este conflito entre diferentes correntes marxistas (e não marxistas) que entusiasmaram os organizadores do congresso.
3 comentários:
Embrulha, VPV!
Joana
Muito bem!
andré
Podem-me informar se a Comissão Organizadora tem planos para publicar os trabalhos apresentados no Congresso?
Obrigado!
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